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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Dica do site Em cartaz

Do site emcartaz.net, publicado em 4 de abril por Sheila.

"Pensar que muitas pessoas à sua volta, em uma simples praça, podem estar vivendo momentos especiais da vida. Recortes pequenos, momentos íntimos, mas que são parte essencial da vida. O que você quer da vida? Que cor você quer em sua vida?

Seriam essas as perguntas feitas ao final de Espaço Outro, peça encenada na Praça Santos Andrade pela Acruel Companhia. Como o nome diz, o espaço do público é outro: é dentro de uma caixa acrílica transparente. E é de lá que vemos o que acontece ao nosso redor, a partir de uma gravação em off.

Claro que, o fato de somente quem está na caixa saber o que está acontecendo lá fora, proporciona alguns risos, porque as pessoas que estão nos bancos da praça ou nos pontos de ônibus não fazem a mínima ideia porque tem um casal brigando ou um homem de roupão atravessando o local.

Vale a pena conferir".

http://emcartaz.net/teatro/espaco-outro/

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Na Gazeta

Abaixo, trecho da matéria na Gazeta do Povo:

"O happening na Praça Santos Andrade já era conhecido do público curitibano. Espaço Outro (confira o serviço completo) estreou em maio do ano passado, e voltou a intrigar durante o Festival. Numa gaiola gigante de acrílico, o público é convidado a se espremer e ouvir vozes que contam uma história. Fora do cubículo, 11 atores representam e se misturam aos passantes da praça. Fica difícil saber quem é ator ou não. “Hoje as pessoas querem participar mais, tanto que muitas fazem curso de teatro. Ao mesmo tempo, não querem se sentir intimidadas”, conta Ana Ferreira, do grupo Acruel e uma das três criadoras da peça. “Pensamos em um espetáculo em que a presença do espectador seja necessária".

Confira a matéria completa aqui.

domingo, 3 de abril de 2011

Trecho de ontem

Trecho da apresentação de ontem no Festival de Curitiba (alerta: revela muito, talvez você queira assistir somente depois de ver a peça):

segunda-feira, 28 de março de 2011

Convite!

Gostaríamos de convidá-lo para assistir Espaço Outro, uma peça de estrutura peculiar, realizada pela ACRUEL Companhia em praças públicas de grande movimento. O público é convidado a entrar em uma grande caixa de acrílico transparente onde uma narração em off orienta o olhar. As cenas acontecem fora, espalhadas pela praça.

Algumas ações são pequenas e infiltradas entre as pessoas comuns, outras intervêm no movimento natural do lugar. Assim, enquanto os espectadores da caixa têm uma orientação objetiva (só eles sabem tudo o que está acontecendo) e subjetiva sobre as ações, os passantes têm uma percepção espontânea das mesmas. Estes últimos observam, ainda, a grande caixa de acrílico com indivíduos encerrados, que acaba por se transformar em uma obra das artes visuais. Desta forma, todo público que observa, é também observado por outro.

Mesmo que existam muitas formas de se relacionar com a peça, Espaço Outro privilegia o público da caixa. A maior característica do trabalho é dar a estas pessoas o poder de Onisciência. A narração lhes permite saber mais sobre o presente, e até um pouco sobre o passado e futuro, do que as pessoas que vêem de fora.

A caixa é um ponto de observação do espaço público e das histórias que ele conta, porém o caráter fictício transforma seu significado. Este jogo entre realidade e representação teatral permite novas visões sobre este ambiente, mais atentas e sensíveis. Mas, como todo jogo, trata-se de um desafio. O espectador deve ir descobrindo a melhor forma de lidar com a narração.

Ficha técnica:

Texto e direção: Ana Ferreira, Emanuelle Sotoski e Rubia Romani.
Interpretação: Ana Ferreira, Emanuelle Sotoski, Alessandro Ferreira, Cláudia Souza, Eduardo Walger, Elton Krug, Isadora Terra, Juliana Gomes, Renato Sbardelotto, Roger Batista, Vida Santos, Vivian Schmitz.
Narração: Lui Riveglini, Vivian Schmitz, Ana Ferreira, Luiz Bertazzo, Emanuelle Sotoski e Cleydson Nascimento.
Produção Sonora: Daniel Starck.
Realização: ACRUEL Companhia

Serviço:

Sexta - 01/04 - 15h
Sábado - 02/04 - 17h
Sexta - 08/04 - 17h
Sábado - 09/04 - 15h
Praça Santos Andrade (em frente ao teatro Guaíra).

terça-feira, 1 de março de 2011

Horários de Espaço Outro no Festival de Curitiba

O Festival de Curitiba acabou modificando alguns dos nossos horários, então aqui vai a confirmação dos horários corretos:

Sex - 01/04 - 15h
Sáb - 02/04 - 17h
Sex - 08/04 - 17h
Sáb - 09/04 - 15h
Sempre na Praça Santos Andrade e com entrada franca.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Espaço Outro no Festival de Curitiba

Conheça as datas de Espaço Outro no Festival de Curitiba:
sextas (01 e 08/04) às 17h e sábados (02 e 09/04) às 15h.
Sempre na Praça Santos Andrade e com entrada franca.

Estaremos integrando o Coletivo Pequenos Conteúdos. Saiba mais em: http://www.pequenosconteudos.blogspot.com/

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Fotos da Virada

Confiram as fotos tirada pelo nosso amigo Danilo da peça Espaço Outro na Virada Cultural de Curitiba. 




















quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Trailer de Espaço Outro



Relembrando as datas da temporada de novembro na Praça Santos Andrade em Curitiba:

Dia 06 (sábado) às 14h, 16h e 18h.
Dia 09 (terça) às 15h e 18h.
Dia 10 (quarta) às 15h.

domingo, 26 de setembro de 2010

Temporada de novembro

Estão confirmadas as datas e horários da curta temporada de Espaço Outro em novembro deste ano. São apenas três dias e seis apresentações. Fique atento e não perca! Confira:

Dia 06 (sábado) às 14h, 16h e 18h.
Dia 09 (terça) às 15h e 18h.
Dia 10 (quarta) às 15h.

Será na Praça Santos Andrade. Nos vemos lá!


terça-feira, 21 de setembro de 2010

Fotos de Floripa

Equipe nos bastidores de Espaço Outro, que abriu o Festival Palco Giratório de Florianópolis.





segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O retorno de Espaço Outro


Depois de Floripa, a próxima parada de Espaço Outro é CURITIBA.
Isso mesmo, em novembro nossos conterrâneos terão mais uma oportunidade de assistir esta peça única.
É uma experiência forte para se viver!
Será na Praça Santos Andrade. Fiquem ligados e pra não perder!

domingo, 29 de agosto de 2010

Opinião sobre Espaço Outro no Fentepp 2

Opinião de Lua Barbosa sobre a apresentação de Espaço Outro em Presidente Prudente.

Espaço Outro - ACruel Companhia

Teatro de rua, teatro na rua ou teatro para a rua?
"Eu nunca fui ao teatro, tô tão emocionada, tô até arrepiada, ó!" - disse uma moradora de rua, com os olhos brilhando, entrando na redoma acrílica. Vou chamá-la de Dona, pois agora ela também tornou-se uma personagem. Era uma caixa de acrílico a qual o público era convidado a entrar. E então começava o espetáculo. Para quem estava de fora, as pessoas lá dentro é que chamavam a atenção. Uns paravam, olhavam, questionavam. O que elas fazem espremidas lá dentro olhando para os lados? Uma narração nos orientava. "Alguém lê um livro" No chão, uma rosa dos ventos. A leste, a oeste, norte e sul - tudo acontecia. Um bando de vermelho dançando e cantando alegremente. Em algum canto da praça, uma moça chorava. Em outro, chovia! O público era direcionado a ações que aconteciam em toda a praça, seja entre os transeuntes, seja nos bancos, seja num espaço particular onde só os atores se encontravam. "Como eu faço pra ver, gente, eu sou baixinha!" - exclamou Dona, correndo entre as pessoas de norte a sul, leste a oeste e quase colando nas paredes para ver o que acontecia lá fora. "Alguém lê um livro". E é aí que está a grande questão: você já parou para ver o que acontece a sua volta? Alguém lê um livro. Alguém chora. Alguém briga. Outros brincam. Pode estar chovendo no dia de um outro. Acredito que esta é uma das provocações da Companhia, tanta coisa acontece a nossa volta e nunca estamos atentos. O público é colocado em destaque e dessa maneira ele atenta-se a sua volta. Tudo o provoca. Será que aquele moço de vermelho empurrando o carrinho de bebê faz parte da peça? Não! Meras coincidências que nos provocavam. Quando o casal se encontrou, Dona bateu palmas e sorriu, com os olhos marejados. Ao fim, uma descontraída coreografia com todos atores de amarelo, uma cor energética, a cor do verão (nada mais propício para Presidente Prudente!), e até aquele em que o dia era chuvoso, já havia aberto sol. Será que esse palhaço de amarelo também faz parte? Não! Meras coincidências que nos provocavam. O jogo das cores era o que diferenciava os atores dos cidadão comuns. Verde, vermelho, azul, roxo... cada cor para cada momento e local e estado. "Alguém lê um livro".

terça-feira, 24 de agosto de 2010



Este é um trecho em vídeo da apresentação de Espaço Outro no Festival de Presidente Prudente. A câmera foi posicionada fora da caixa, por isso não há áudio nenhum. Mas na hora da coreografia, colocamos em edição a música da dança para que se possa ver o encaixe.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Crítica de Espaço Outro por Márcio Marciano

22/08/2010
CRÍTICA - Flores humanas no seio da praça
Espaço Outro, intervenção teatral que Acruel Companhia de Teatro, de Curitiba, levou à Praça 9 de Julho, no centro da cidade, na tarde ensolarada do último sábado, chama atenção antes de tudo pela clareza de seu programa: a criação de um “espaço outro”, através da instalação de uma espécie de estufa de acrílico para “flores humanas”. Trata-se de um ponto de observação que privilegia o olhar sobre os acontecimentos de seu entorno ao instaurar uma espécie de vitrine viva no seio da movimentação habitual do lugar. A ideia já é em si mesma uma interferência na paisagem da praça, na medida em que promove a experiência da Alteridade, tanto àqueles que ocupam a estufa durante a performance, quanto ao público passante, que a um só tempo observa e é observado em sua ação de observador.
Uma vez na estufa, o público que ali permanece, acompanha uma narrativa em off de modo a orientar seu olhar para pequenos incidentes que ocorrem entre os passantes. São imagens isoladas, cenas de improviso, ligeiras coreografias, encontros e desencontros fortuitos. Os atores formando blocos, vestindo roupas da mesma cor se revezam nas intervenções. As informações em off auxiliam o público da estufa na criação de um quadro de referências às vezes objetivo, às vezes poético, para o que acontece do lado de fora. Os passantes, por sua vez, operam uma recepção de outra qualidade, uma vez que não dispõem das mesmas referências e constroem por si mesmos os nexos de uma possível narrativa.
Esse jogo de interferências mútuas amplia o alcance da performance na medida em que o olhar do espectador incorpora ao evento cênico a teatralidade contida na recepção de quem é observado enquanto observa, numa espécie de espelhamento imediato de suas próprias reações. Assim, a intervenção adquire caráter crítico, ao incorporar no ato da observação o processo de seu descondicionamento.
Cabe ressaltar, no entanto, que o universo dos incidentes apresentados não consegue ultrapassar os estreitos limites das relações inter-pessoais, problemas de relacionamento afetivo, indisposições metafísicas juvenis, em suma, hipóteses de laboratório, construídas a partir de referências literárias, longe da matéria negativa que prolifera nas grandes cidades.
Considerando o alcance do programa, sua capacidade de intervenção poética no espaço urbano, seria o caso de indagar se não valeria a pena uma observação interessada na matéria social que brota das ruas.


Por Márcio Marciano : Dramaturgo e diretor teatral integrante do Núcleo de dramaturgia da Companhia do Latão há onze anos, escreveu e dirigiu em parceria com Sérgio de Carvalho, mais de uma dezena de espetáculos.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Espaço Outro em Florianópolis

Novidades sobre Espaço Outro: a peça da ACRUEL abrirá o Festival Palco Giratório de Florianópolis no primeiro dia de setembro. Serão duas apresentações neste mesmo dia.
Esperamos o pessoal de Floripa lá! ;)

domingo, 13 de junho de 2010

Artigo é publicado sobre o processo de criação de Espaço Outro

Um artigo sobre o processo de criação da peça Espaço Outro da ACRUEL Companhia foi publicado na revista eletrônica Questão de Crítica. O texto, escrito pela integrante Ana Ferreira, relata de forma informal a pesquisa feita. Está disponível em http://www.questaodecritica.com.br/2010/06/espaco-outro/ .

Segue o mesmo abaixo:

Espaço Outro

Artigo sobre o processo de criação da peça Espaço Outro, da Cia ACRUEL, de Curitiba

Foto: Rosano Mauro Jr

Espaço Outro é uma peça de gabinete, processo estranho à maioria dos criadores contemporâneos. A observação do espaço urbano, mais especificamente do centro da cidade, intercalou algumas fases da criação. Os ensaios tomaram pouquíssimo tempo. Foi à base de café que eu, Emanuelle Sotoski e Rubia Romani construímos esta obra.
O primeiro café deste processo foi tomado no Café Fingen, ao lado do Teatro Guaíra de Curitiba, onde o grupo Couve-Flor fazia Infiltrações. Tratava-se de uma intervenção na qual o público recebia por escrito um roteiro de ações executadas pelos artistas em qualquer lugar visível a partir das cadeiras do Café, do balcão à Praça Santos Andrade. Um homem procurava emprego em um jornal do outro lado da rua enquanto uma mulher vestida de verde e com os cabelos molhados pedia sorvete de pistache no balcão; e nós sabíamos antecipadamente que tudo isso aconteceria por causa daquele objeto vidente que havia nos sido entregue. O café trivial tornou-se mágico, todo o ambiente real tomou proporções ficcionais: as pessoas atravessando a faixa de pedestres com o intenso movimento das seis e meia era uma linda coreografia de balé. Junto comigo, estava a Manu, também integrante da ACRUEL.
Na mesma semana tivemos uma reunião sobre os próximos passos da companhia e eu falei sobre o quanto Infiltrações havia mexido comigo, o quanto eu passei a acreditar na necessidade deste tipo de arte. Qual necessidade? Qual tipo de arte? São perguntas que precisávamos nos fazer antes de apenas reproduzir a intervenção do Couve-Flor. Partimos para dois meses de discussão regada de O Teatro é necessário? e Carta aberta, ambos de Denis Guénoun, e As heterotopias de Michel Foucault. Havia questões nestes textos que nos eram centrais. No primeiro, Guénoun discute a falta de público nas peças teatrais em paralelo ao excesso de pessoas nos cursos de teatro. Para o autor, o indivíduo contemporâneo só pode se sentir parte de uma obra, estar representado nela, se ele realmente atuar na mesma. O grande golpe do teatro em nossa época só poderia ser tornar o público ativo. Carta aberta é um texto sobre, para, e, principalmente, pelo teatro. Um novo, não mais feito para poucos. Uma possibilidade nova de paixão para outros apaixonados da sociedade. Guénoun é contra o desejo comum aos artistas da adequação do povo ao pensamento artístico contemporâneo. Para o autor, a população não deve correr para alcançar a arte, o artista é que deve sair do seu meio restrito de convivência e endereçar sua obra à população. “Você quer os fanáticos por futebol, é preciso ir ao estádio sentir subir o grito quando a jogada é bonita. Deixe o teu quarto, tua vida interior. É preciso levá-la para dançar. Faze-la valsar” (1).
E o público do futebol realmente nos interessava, talvez não de forma objetiva. Desejávamos combinar a identificação individual com a catarse coletiva, característica extremamente forte nos enormes estádios (claro que a estrutura que podíamos oferecer tinha menores proporções), e através disso atrair outros tipos de espectadores, aqueles mais ativos. O “ano novo” nos pareceu uma metáfora perfeita para esta combinação, pois nele estamos decididos a agir em nossas vidas e por isso estabelecemos representações/identificações do que somos e queremos. Ao mesmo tempo, comemoramos a concepção destas idéias em conjunto com outras pessoas, compartilhando um sentimento de renovação. Esta festividade tornou-se uma referência para o ambiente que queríamos criar, e trouxe consigo um tema: iniciativa para a satisfação própria. O objetivo da nossa obra passou a ser buscar esta situação e sentimento, esta era sua necessidade.
Foucault entra nesta história para responder a segunda pergunta, aquela sobre o tipo de arte. O autor nos ajudou a orientar nossa estratégia de ação. Ele acredita que a história das sociedades contemporâneas é contada pelo espaço e pelas relações que surgem dele ou com ele. Os “outros espaços” ou “espaços outros”, são os mais interessantes ao estudioso, pois tem valores simbólicos que falam fortemente sobre a cultura dos povos. Dentre estes, os mais importantes são as “heterotopias”, lugares reais e concretos que assumem significados de outros lugares, formando assim um contra-espaço. Há diversas expressões desta classificação. O teatro, em si, já é uma heterotopia por natureza, pois cria um espaço ilusório que representa outros reais. Entre seus exemplos, Foucault menciona um que nos encantou muito:
“Devemos ter em conta que, no Oriente, o jardim era uma impressionante criação de tradições milenares, e que assumia significados profundos e sobrepostos. Na tradição persa, o jardim era um espaço sagrado que reiterava nos seus quatro cantos os quatro cantos do mundo, com um espaço supra-sagrado no centro, um umbigo do mundo (ocupado pela fonte de água). Toda a vegetação deveria encontrar-se ali reunida, formando como que um microcosmo. (…) O jardim é a mais pequena parcela do mundo e é também a totalidade do mundo; tem sido uma espécie de heterotopia feliz e universalizante desde os princípios da antiguidade.” (2)


Foto: Rosano Mauo Jr

Este foi um dos momentos em que demos uma pausa nos nossos cafés e fomos para a rua observar. Fizemos alguns exercícios dentre os quais o mais produtivo foi criar histórias improvisadas sobre as pessoas que passavam nas ruas. Nesta experiência, encontramos nas praças públicas nosso Jardim Persa, um espaço real com potência para simbolizar todo o movimento urbano. Isto porque este lugar combina ociosidade com intensa transitoriedade, o que lhe possibilita ter frações das mais diversas atividades da cidade.
A forma desejada para nossa obra possuía fortes inspirações em Infiltrações, mas aqui ambas se separaram. O trabalho do Couve-Flor objetivava intensificar o olhar do público sobre a rua e por isso o grupo mudava seu roteiro a cada cidade, criando novas estratégias de acordo com suas rotinas. Mas nós desejávamos implantar um jardim, uma representação geral do todo artificialmente fixada naquele espaço. Nós queríamos, mais do que intervir, fazer uma peça de teatro.
Fechamos nossa estrutura espacial: uma grande caixa transparente no centro da praça pública que seria nosso artefato mágico, aquele que possibilita entrar em um ‘espaço outro’ sem sair deste espaço real da praça. Chegamos, então, ao momento de construir o roteiro e, para isso, fizemos nossos cafezinhos e retornamos ao nosso gabinete. Voltamos-nos ao objetivo de causar a reflexão sobre o que somos e o que queremos e, a partir dela, uma comoção compartilhada. Fizemos-nos inúmeras perguntas sobre ações e escolhas na vida, muito bem traduzidas pela crítica Luciana Romagnolli como Quando a gente é feliz?. E dentro deste tema que envolve fortemente as tomadas de decisões, organizamos a estrutura da dramaturgia com o que chamamos de “estratégia do re”. Refazer, reciclar, re-significar, regressão. Baseando-nos nas observações e exercícios nas praças, listamos ações com forte caráter de iniciativa no sentido de uma satisfação pessoal. Com elas criamos um roteiro base. Este deu origem a outros cinco, todos com as mesmas ações, mas variando em atitudes e maneiras de se relacionar com as situações. Cada um dos cinco possui uma forma dominante de relacionamento, e é representado por uma cor. Deixamos a critério do público se cada roteiro é uma outra forma de ver algo que aconteceu (re-significar), possibilidade de agir na mesma ocasião (refazer) ou uma continuação de uma mesma história onde há uma nova chance aproveitada de outra maneira (reciclar). Apenas um ‘re’ dominamos exclusivamente: a regressão. As ações começam longe da caixa e a cada novo roteiro vão se aproximando, contagem regressiva para o momento em que chegam ao público e devolvem a ele a responsabilidade de agir e escolher em suas próprias vidas, de se movimentar no espaço real.
Voltamos para a praça e testamos todo o roteiro. A penúltima fase foi a escrita do texto que é narrado em off na grande caixa, orientando o olhar do público sobre as cenas que se passam espalhadas pelo espaço urbano. A linguagem dramatúrgica de cada um dos cinco roteiros foi pensada para corresponder às suas cores (formas de relação). Para os dois primeiros, cada uma das criadoras escreveu solitariamente um texto, depois nos reunimos e montamos um “Frankenstein” com partes do corpo de todos. Os três últimos foram pensados em conjunto, algo que consideramos importante devido à gradação da abstração que acontece no decorrer da contagem regressiva.
Partimos para a última e menos complexa parte do processo criativo: gravar e produzir o áudio e ensaiar com os atores. Diferente da maioria das peças, esta parte foi mais fácil porque Espaço Outro não exige uma interpretação sofisticada por parte dos atores. O que há de mais importante nesta obra é a sincronia do que está sendo narrado com o que acontece no espaço real.
Focamo-nos, durante todo o processo, em transformar o estudo teórico em resultado concreto – na medida em que se pode ser concreto ao fazer arte. Acredito que, em decorrência desta preocupação, tivemos retornos do público bastante significativos. Finalizamos recentemente a primeira temporada, que se deu em Curitiba. Agora, esperamos poder fazer esta experiência com públicos de outras cidades.
Notas:
(1)Tradução e adaptação de Fernando Kinas. Não publicado.
(2)Conferência proferida por Michel Foucault no Cercle d’Études Architecturales, em 14 de Março de 1967. Texto traduzido por Pedro Moura. Disponível em: http://www.virose.pt/vector/periferia/foucault_pt.html .
Site da Cia ACRUEL: http://www.acruel.com.br/


Foto: Rosano Mauro Jr

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Senhor Humor

O "Senhor Humor", personagem caricato de Espaço Outro interpretado por Renato Sbardelotto. Fotos de Rosano Mauro Jr.





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