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domingo, 7 de setembro de 2008

Advérbio interrogativo

Por que eu não tenho a elegância de uma aranha?
Por que eu não tenho pernas altas?
Por que eu não sou clássica? (tipo bailarina)
Por que me sinto pequena e estranha?
Por que não piso em linhas?
Na verdade não saio delas.
Acho que sou uma presa .
FÁCIL.
Vou andado calmamente para o meu fim.
Ele está próximo.
- Sim, no máximo uns 70 anos de vida.
- E depois nada?
- Nada, nada , nada.
- Nada de vazio?
- Não entendi. Tem virgula?
- Não sei nunca fui boa em português.
Eu realmente tinha idéias brilhantes mas o português sempre me atrapalhava. O seu Manuel.
Por que a teia?
Não sei é só um fio que se liga a outro , em outro , em outro.
Por que há sempre uma musica?
Por que não sou delicada? ( em todos os sentidos)
Por que me sinto suja?
- Não sei, pode ter sido algo que você fez.
- É eu passei a mão muitas vezes no chão.
E lá é pra botar o pé.

Emanuelle Sotoski

Na hora do intervalo

Tenho e ser sincera nada me passa pela cabeça . Será que todos os meus pensamentos em pequenos instantes foram sugados pelo mundo ? Instantes – Estantes.
De livro. Aquelas das bibliotecas com todo conhecimento do mundo.
- O mundo todo cabe ali?
- Cabe sim. Ele cabe até em uma foto daquelas medias.
- Hum .... Tipo aqueles livros “Tudo sobre Einstein em 90 minutos”.
- É mas isso não acontece naquela propaganda que um cara levou não sei quanto tempo pra cozinhar tal prato.
- Não. Mas nem tudo bate.
- Carros eu sei que batem. Meu namorado quase morreu esmagado por um caminhão. Ta eu sei que em tudo isso há um pouco de exagero.
Cazuza – o tempo não para- por isso vou escrevendo.
- Você lembra daquela propagada que falava sobre isso ? Eu gostava.
Mas nada disso ta fazendo sentido.
Quando v c ri muito fica assim meio boba.
Agora só o que me vem na cabeça uma enorme boca sorrindo. Com dentes branquinhos . Como num comercial de margarina.
E como todo filme feliz minha historia acaba aqui.
FIM.

Emanuelle Sotoski

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Tudo vai passando

Tudo vai passando
Você vai vendo coisas
mas elas são rapidas demais pra você



Emanuelle Sotoski
É disfarçar que nada acontece. Guardar tudo aqui dentro. E sentir um endurecimento. Eu sei que parece que nada acontece. Mas tudo turbilha. E por isso turbilha. Por saber que não vai sair daqui. Que tudo vai ficar aqui. E só esvaziar os pulmões, a cabeça, o coração e então sentir apenas frio.
Controlar.
Percebendo que as extremidades estão congelando. Mas o coração ainda não.
Respirar
Lá e agora. Disfarçando o que se quer extravasar. Mas pra quem? Pra você mesma isso já acontece. Só que em silêncio.
Na sua cabeça você cria historia, bola textos. Mas sabe que eles ficaram pra sempre aqui
Assim como a lagrima que teima em sair. Mas vc controla.
Controle
Um suspiro profundo.... Lá fora não
Aqui
Sempre aqui

Um dia quando inventarem uma maquina que capta pensamentos vcs saberão o que se passa aqui.




Emanuelle Sotoski

sexta-feira, 15 de agosto de 2008














Cena 01:
    A voz (microfone), descreve em blackout uma dança da mulher dos sonhos dele, essa mulher é uma bailarina que dança com os braços suaves, fazendo valsinhas e a cabeça se deixando levar pelo corpo. Quando a luz volta, aparece a aranha tentando serrar algumas de suas pernas para ser a bailarina descrita pela voz, possuindo apenas duas perninhas.


Cena 02:
Na seqüência a voz briga com ela, por que isso não se faz, e ela vai ficando decepcionada, até que aparece um som de vidro quebrando, uma luz nos cacos de vidro quebrados no chão que refletem nela, essa iluminação dá a impressão de que ela está despedaçada como um quebra cabeça. Blackout. Aparecem os cacos de vidro no chão e dois olhos, uma pessoa vem com uma vassourinha e uma pá para varrer os pedaços.


Cena 03:
Num sonho da aranha, (o que dá impressão de sonho é uma luz avermelhada que torna o palco mais escuro, sendo usado um pouco de gelo seco também, para reforçar a idéia), aparece a aranha num restaurante, de óculos escuros, entregando um pacotinho para o garçom. Em seguida, chega seu convidado e senta à sua frente. O garçom volta, trazendo o prato numa bandeja com tampa. Ao chegar para servir, tira a tampa da bandeja e lá está um prato de espaguete com almôndegas e os olhos que apareceram na cena anterior, e ela dizendo que agora pode se apaixonar.

Cena 04:
Estão em cena as três atrizes. Entra mais uma pessoa (um convidado, talvez). Ela é totalmente envolta com “teia spray” pelas atrizes. Após estar completamente envolta, ela sai se cena. Próxima cena.

Cena 05:
A pessoa da cena 4 entra em cena, ainda envolta pelo “super teia spray spider”, em uma cadeira de rodas. E dá o seguinte depoimento (que ainda sofrerá alterações):
“Minha mãe sempre disse que era proibido. E eu não ia, era proibido. E eu queria e era proibido. Era sempre assim, escola de manhã (seno a co-seno b seno b co-seno a) e almoço (tudo muito leve) e a tarde muita ginástica e treinamento:
1 e 2 e 3 e 4 e 5 e 6 e 7 e 8
1 e 2 e 3 e 4 e 5 e 6 e 7 e 8
E a noite:
E eu não ia. E era proibido. E eu queria. E era proibido.
E no outro dia:
Seno a Co-seno b
1 e 2 e 3 e 4
Seno b Co-seno a
Não ia/ Proibido/ Eu queria/ Proibido
Fui de mansinho de asa leve e no fundo, lá no fundinho:
VOCÊ ACREDITA EM AMOR À PRIMEIRA VISTA?
Eu sinto, foi de ambas as partes, pois ela imediatamente me envolveu, numa paixão tão completa e louca e fulminante que tudo em mim parecia imóvel. Eu queria estar cada vez mais perto, cada vez mais intenso, olhar nos seus olhos e sentir o coraçãozinho pulsar, num momento único.
EU HAVIA ME ENTREGADO COMO NA PRIMEIRA VEZ.
E então ela se aproximou e com seus olhos...
E então ela viu que eu já era todo seu...
E então ela foi me tomando pedacinho por pedacinho...
E então eu já estava dentro dela, completamente.
PERDIDAMENTE
E daqui de cima eu entendo que, na verdade, ela está, e sempre esteve de olhos e coração fechados.
ASS: Mosquitinho apaixonado”

Cena 6:
Nessa cena haverá cacos de vidro (nas cores verdes e transparentes) na frente do palco. Com uma luz lateral no chão. Os cacos formarão duas fileiras entre elas haverá uma pequena tabua na qual uma das atrizes atravessará com uma venda nos olhos. Simultaneamente outra atriz estará com uma maquina para medir diabetes furando as pontas dos dedos.
Essa cena vem de uma idéia já contida no texto. A aranha pode enxerga tudo menos onde pisa. A primeira prefere não saber do perigo que corre. Já a segunda é o sofrimento e se mutila.


Cena 7:
                  As três atrizes estarão sentadas em uma cadeira giratória. Com botas de cano alto na altura da coxa na cor preta. E com uma saia que de um movimento e que de uma idéia de continuidade entre as três. Elas farão uma coreografia para brincar com a idéia dessas varias pernas, ângulos e direções. Na qual ira se encaixar o trecho seguinte (que ainda sofrerá alterações):
“Abre aqui! Não percebe que se você escolher fechar apenas um olho, verá uma miragem e não a realidade? Quem disse que eu não quero ver miragens? Cuidado, que uma parede pode querer se erguer. Não tenho medo de perder mais algumas janelas. Mas assim você vai acabar virando uma mula da lenda. Aquela que não tem cabeça! Hummmmmmmm!!! Você sabe como isso aconteceu? Será que ela bateu muitas vezes a cabeça até se desintegrar? Alguém arrancou, ou ela nasceu assim? Ou porque ela é do folclore e tudo que é do folclore tem defeito de fábrica, para me provar que o mundo é realmente concreto? Ih! Não sei, nunca soube, vou pesquisas!
Aaaaaaaaaaai! O que foi? Chutei uma pedra com a ultima pata. Acho que sangrou! Consegue ver? Ta tudo bem! Posso seguir? Sim, fale! Não, o caminho!!! Ah ta! “

Emanuelle Sotoski, Ligia e Rubia

Ela não sabe onde pisa

Hoje falaremos da nossa companheira, sim ela. Essa criatura perigosa. Ela que se finge de morta e se esconde, bem, enfim... Vamos falar de nossa querida aranha. Nossa companheira como todos sabem pode ver muitas coisas. Porem uma coisa eu posso afirmar.
Nossa querida companheira tem uma franqueza. Ou vocês pensam que ela é imortal? Sim ela tem franquezas.
Olhando-a soberana, vocês não diriam isso, não é? Mas eu sei que, apesar de ter até oito olhos (dependendo da espécie), nossa querida colega não enxerga tudo. Mesmo estando com todos os seus olhos abertos, ela não vê tudo. Uma coisa tão próxima que nem consideráramos. Ela não vê o chão. É, o chão. Eu sei você nunca tinha parado para pensar nisso antes. Até faz sentido que não, mas eu já.
Porém, não pense isso como uma bobeira qualquer. Pense que ela não sabe onde pisa.

Emanuelle Sotoski

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