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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Exercício de escrita

Trecho inicial de exercício de escrita, parte do processo criativo de É Uma Vez e Para Sempre, novo projeto da ACRUEL.

LOBO: Nós começamos pela presença nula da avó. Permissiva ou fraca, é insignificante.Sua falta de energia é pressuposto desta cena. É importante que reservemos à avó os direitos autorais da corrupção familiar, herança de séculos de tradição. Registremos, portanto, sua presença vaporosa. Eu me apresento, o pólo positivo. O macho não contido pela convenção social do respeito, da atenção ao outro. O Lobo sem matilha.
Somos dois em cena, mas não há ação dramática. Há, sim, uma ambientação. Sentado à mesa de jantar na qual a avó está servida aos pedaços, aguardo a caça que feita vítima de sua baixa maturidade adquiriu desejável impressão de força negativa. Neste cenário, inicia um encontro de resultado certo. Desenvolvo-o aqui apenas pelo movimento, prazer que divido com vocês e com a criança.
LOBO: Neta, chegou bem na hora em que eu assumo o papel de avó. Vou tratar de você. Senta e nutra-se. (Ela senta e começa a comer a carne satisfatoriamente).(...)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O que muda seu dia, seu mês ou seu ano?
O que vc gosta mas nunca faz ou gostaria de fazer mas nunca fez?
Qual nova chance você gostaria de ter ou você teve?
Quais são seus pequenos prazeres?
E suas pequenas frustrações?
Queremos saber.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Que tal participar do processo de criação do espetáculo Espaço Outro da ACRUEL?
Basta nos ajudar fazendo um joguinho inspirado no STOP. Escolha uma cor e cada correspondência para ela de acordo com a lista abaixo. Mais ou menos assim: se azul fosse uma parte do corpo, qual seria? Cada item deve ter apenas uma resposta.
É só colar tudo nos comentários e postar. Vamos lá?

1.Cor que você escolheu:

2.Correspondências

Nome de pessoa:
Objeto:
Fruta:
Cidade/Estado/País:
Parte do corpo:
Flor:
Carro:
Meu espaço outro:
Cheiro:
Sentimento:
Sensação:
Lembrança:
Ação:
Dança:
Música:
Pessoa:

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Cena da Maçã da Branca de Neve

PS: Os textos aqui inseridos não farão parte da peça, são textos que surgiram no processo.


A cena é sombria. Temos medo da senhora que fala. Ela é gentil, mas horripilante. Não há ninguém em cena além dela. Ela fala voltada para a platéia, mas como se a menina estivesse na sua frente.

VELHA- Menina, você pode oferecer um copo d’água a uma velha senhora cansada? (pausa) Oh, não se assuste criança, sou apenas feia, mas não tenho um corpo que me permita te fazer mal. (pausa) Obrigada, menina. Você é muito gentil. (pausa) Linda criança, é tão bela. Sua feição carrega juntas a pureza e a força. Você pode ser ainda maior, sabia? Com seus sete aninhos de idade você já pode ser a fêmea mais desejável que existe. (pausa) Você quer os conselhos de uma mulher vivida? Aproveite-se disso, garota! Olhe para mim, um dia você vai ser assim, e aí terá que mendigar um copo d’água. Agora veja você, recebendo ajuda de gentis homens a todo o momento, todos prontos a arriscar o próprio pescoço por você. E você nem teve que se esforçar. Dê a eles o que eles querem e você verá tudo o que pode uma pequena menina como você. Mas não ceda a todos, querida, apenas conquiste-os. Você deve continuar sendo um objeto raro, o diamante que causa a guerra por ser prêmio dela. Você pode ter muito mais do que tem conseguido até agora, minha jovem. (pausa) Eu já estou velha e morrerei logo, por isso já está na hora de passar a diante minha sabedoria e minha magia. E você, você tem potencial, minha jovem. Você vai cuidar bem das minhas coisinhas. Tome! Um pente preto como seus cabelos e uma fita branca como a sua pele. Use-os para arrancar toda a energia que existe na sua alma. Lembre-se, pequena, você pode fazer mágica. Ah, eu já ia me esquecendo. Pegue esta maçã. Veja, é tão vermelha quanto as maçãs do seu rosto. Esta é a fruta do amor, querida, de hoje em diante a fruta da qual você se alimenta, e a fruta da qual você oferece.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Um dos testes que aplico para tal fim é um tipo de etnodrama individual no qual o ponto de partida é uma velha canção ligada à tradição religiosa-étnica da pessoa. Se começa a trabalhar com esta canção como se nessa estivesse já codificada em potencial uma totalidade em movimento, em ritmo, em tudo. É como um etnodrama no sentido tradicional coletivo, mas aqui exige uma pessoa que age, com uma canção, sozinha. Então, imediatamente, com as pessoas de hoje se apresenta o seguinte problema: se encontra alguma coisa, uma pequena estrutura em torno da canção, depois se faz ao lado uma nova versão, ao lado ainda uma terceira versão. Isto significa que se pára sempre no primeiro nível, podemos dizer superficial, da proposta, como se a proposta fresca excitasse os nervos e nos desse ilusão de alguma coisa. Isto significa que se trabalha de maneira horizontal - de lado a lado - e não de maneira vertical como alguém que escava um poço. Aqui está toda a diferença entre o diletante e o não- diletante. O diletante pode fazer uma bela coisa mais ou menos superficial através desta excitação dos nervos da primeira improvisação. Mas é sempre uma escultura na fumaça. Desaparece sempre. Então o diletante busca ao lado. De um certo modo, muitas formas de desenvolvimento industrial contemporâneo são assim, como por exemplo Sylicon Valley, o grande complexo eletrônico americano: vocês tem construções ao lado de construções, o complexo se desenvolve de maneira horizontal e no final se torna ingovernável. É muito diferente da construção das catedrais que tem sempre um ponto de conexão. É a concepção vertical que determina exatamente o valor. Mas com um etnodrama individual é uma coisa difícil de se fazer porque no trabalho que vai em profundidade e para o alto, vocês devem passar através da crise. A primeira proposta funciona, depois é preciso eliminar aquilo que não é realmente necessário e reconstruí-la de maneira mais compacta. Vocês passam através de fases de trabalho sem vitalidade - "sem vida". É um tipo de crise, de tédio. É preciso resolver muitos problemas técnicos, por exemplo a montagem como no cinema. Porque não só vocês devem reconstruir, rememorizar a primeira forma, vale dizer a linha das pequenas ações físicas, mas também eliminar os detalhes não necessários.
GROTOSKI

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Se fosse seria...

Se fosse um objeto
Se fosse um prato
Se fosse uma canção
Se fosse um personagem de ficção
Se fosse um filme
Se fosse um lugar
Se fosse um aviso
Se fosse um elemento
Se fosse um efeito
Se fosse um vegetal
Se fosse um planeta
Se fosse um advérbio de tempo
Se fosse uma estação do ano
Se fosse um animal
Se fosse um barulho
Se fosse uma cor
Se fosse um clima
Se fosse uma roupa
Se fosse uma fruta
Se fosse uma viagem
Se fosse um amor
Se fosse um remédio
Se fosse uma hora do dia
Se fosse uma mulher
Se fosse um homem
Se fosse um quadro
Se fosse um sapato
Se fosse um talher
Se fosse um veiculo
Se fosse um mês
Se fosse um metiêr
Se fosse um livro
Se fosse uma citação
Se fosse uma estampa
Se fosse uma parte do corpo
Se fosse uma dança

terça-feira, 7 de julho de 2009

EXERCÍCIO DE SANTO LOYOLA

PRIMEIRO PASSO:
ver superficialmente.

SEGUNDO PASSO:
saber nomes, histórias superficiais

TERCEIRO PASSO:
saber o íntimo de cada pessoa, de cada lugar, saber pensamentos, caráter e etc.

* ler mais sobre exercício em "Seis Propostas para o Próximo Milênio" de Ítalo Calvino.

CENA III - SOBRE PARABRISAS DE CARROS

Uma pessoa que não entra, nunca entrou, está lá, sempre esteve, todos os dias, chuva. Sol. Chuva. Chuva. Pára e senta. Antes disso percebe um tapa ouvidos sobre o banco, esses em que não se escuta nada. Encaixa em seus ouvidos. Ele senta. Aumenta o volume como se o tapa ouvidos fosse um fone. Nele se escuta algo. Algo. Algo. Algo. Algo. Algo. Algo que se transforma. Algo. Aglo. Alog. Agol. Aglo. O que era antes um barulho de um relógio agora se notas minimalistas pacientemente apreciadas. Algo se transforma em canção. Algo se transforma em prosa musicada. Tudo então é música. Algo se transforma em poesia musicada. Algo. O fone, neste momento, serve como um pára-brisa.

CENA II - SOBRE O QUE NÃO VEMOS

Um peixe. Um peixe num aquário. Um aquário com vários peixes. Uma medusa talvez. Várias medusas. Um barquinho que enfeita o aquário. Um chafariz com água suja. Plantinhas. Erosão. Ruas que são correntes. Água corrente. Aquários. Era de aquário. Uma corrente. Rente ao vidro. Inerente ao verso. Submerso. Ruas que são correntes. Peixes nas ruas que são correntes. No aquário. Nadam. Um deles. Nada. Um aquário. Nada. Um aquário. Nada. Uma corrente. Nada. Uma rua. Nua. Nada. Um espaço. Nada. NADO.

CENA I - SOBRE COMEÇAR COM AS CORTINAS FECHADAS

A peça inicia com a personagem anterior, que nunca mais será visto nessa peça. O personagem que nunca mais será visto nessa peça, coloca um banco, uma cadeira talvez, com um tapa ouvidos sobre o assento, na XV de Novembro esquina a Monsenhor Celso. Latitude 47° oeste. O personagem que nunca mais será visto, sai para nunca mais voltar.

sábado, 27 de junho de 2009

estrutura e idéias

Quais são as profissões das pessoas?
Os gostos?
O passado?
O presente?
O futuro?
O que elas estão fazendo aqui?
Ou o que não estão (garota que se matou no apartamento)?
Qual a história dos lugares?
Colocar uma culpa na platéia, um influência dela sobre os transeuntes.
Observar a rotina do espaço e aproveitar-se dela.
Dar histórias ao próprio narrador.
Narrador dentro da caixa.
"Você nunca reparou, mas o gari sempre passa pelo lado que você não está olhando".
Trabalhar com as referências do público: "esse cara sabe o que você fez no verão passado"; "Aquele é fã do Steven Hawkens".
Tipos de história: desde frases curtas até grandes epopéias.
Binóculos.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

A platéia entra. Há fitas amarelas no chão delimitando o local e as voltas da fila. As atrizes posicionam a platéia em fila dupla. Começam um senso: VOCÊ É A PESSOA PREFERIDA DE ALGUÉM? SIM? NÃO? VOCÊ TEM ABSOLUTA CERTEZA, QUASE CERTEZA, ACHA BEM PROVÁVEL, ACHA POUCO PROVÁVEL? Depois de um tempo uma outra atriz fala ao microfone com voz de comissária de bordo. Ela tem este mesmo tom todo o tempo. Durante toda a sua fala, outras duas atrizes fazem a demonstração.

BOA NOITE SENHORAS E SENHORES, MEU NOME É MOÇA E ESTAREI COM VOCÊS DURANTE TODA ESSA VIAGEM. PEÇO A TODOS QUE NESSE MOMENTO COLOQUEM SUA MÃO DIREITA NO OMBRO DIREITO DO COMPANHEIRO QUE SE ENCONTRA A SUA FRENTE. ESTIQUE O BRAÇO, EXATAMENTE COMO DEMONSTRAM NOSSAS COLEGAS, E FIQUEM A ESSA DISTÂNCIA. MUITO OBRIGADA SENHORAS E SENHORES. AGORA VOCÊS PODEM RELAXAR SEUS BRAÇOS MATENDO A MESMA DISTÂNCIA DO COMPANHEIRO DA FRENTE. AQUELES SITUADOS À DIREITA DE ALGUÉM, POR FAVOR, DOBREM SEU BRAÇO ESQUERDO COM A MÃO NAS COSTAS. O COMPANHEIRO DA ESQUERDA PODE COLOCAR SUA MÃO DIREITA DENTRO DO CÍRCULO DO BRAÇO DO COMPANHEIRO DA DIREITA, EXATAMENTE COMO DEMOSNTRAM NOSSAS COLEGAS. MUITO OBRIGADA SENHORAS E SENHORES, QUEIRAM POR FAVOR AGORA SEGUIR NOSSAS COLEGAS PELO CAMINHO DELIMITADO PELA LINHA AMARELA. LEMBREM-SE DE MANTER A DISTÂNCIA CORRETA. NESTE MOMENTO DA NOITE COMEÇA A CHOVER. QUEIRAM POR FAVOR PROTEGER SUAS CABEÇAS E FAZER O CAMINHO DE VOLTA EXATAMENTE COMO DEMONSTRAM NOSSAS COLEGAS. MUITO OBRIGADA SENHORES E SENHORES, MAS A CHUVA ACABA DE PASSAR E ENTÃO SEGUIREMOS NOSSO CAMINHO NORMALMENTE. GOSTARÍAMOS DE ATENTAR PARA A PRESENÇA DE COBRAS NO CAMINHO. PEÇO QUE O COLEGA DA DIREITA FAÇA A GENTILEZA DE SEGURAR O COLEGA DA ESQUERDA NO COLO. POR FAVOR, SENHORAS E SENHORES, ESSA É UMA MEDIDA DE SEGURANÇA QUE DEVE SER RESPEITADA PARA QUE POSSAMOS GARANTIR UM ATENDIMENTO MAIS EFICIENTE APLICANDO ANTÍDOTOS EM APENAS METADE DA PLATÉIA. AGRADEÇO SEUS ESFORÇOS E AGORA SEGUIREMOS CAMINHO NORMALMENTE. BASTA PASSARMOS TRANQUILAMENTE PELO TÚNEL (as outras duas atrizes iniciam um túnel de braços). ESTE TÚNEL É O MAIS LONGO DE SUAS VIDAS. É POR ELE QUE VOCÊS PASSARÃO DURANTE MUITO TEMPO, TEMPO NECESSÁRIO PARA DECIDIR ONDE ELE ACABA.

Começa uma música eletrônica de festa junina. As duas atrizes não deixam o túnel parar, sempre entrando e saindo do outro lado. A luz vai baixando e ficando mais agitada, como em uma balada. O túnel acaba. A música pára. Estamos em um jardim.
O que eu procuro? O Aleph. O Zahir. O Santo Daime. Tento aprender com os antigos ensinamentos passados oralmente das culturas do leste. Sempre tive a impressão que lá vêem a origem da luz porque é para lá que ela caminha. Por essa constatação é que visto o branco puro. Mas venho do oeste onde não há leis e todos querem governar. Todas as vezes em que desejei abandonar o peso que carrego, fui consumida pelo ciúme ao ver que os outros se apoderavam dele. Fui percebendo que não adianta jogar ao mar pois alguns dedicam toda sua existência a habitar o meio do nada a procura de descartados em condições de uso. E elas sempre estão lá, as condições, o terreno propício. Então aquele que optou pela leveza começa a sentir o pesar do frio. Talvez o ar fresco arda nas peles que desenvolveram suas próprias alergias no decorrer da vida. Talvez sejam justamente essas peles que tanto anseiam por ele. Quanto mais se ignora as coceiras e o frio, mais vergões criam-se. É se tomado pela cólera por ter-se despido. Procuram-se então novos bens. Sai-se em busca de tecidos finos. Tenho certeza que esta empreitada me desvia a atenção de minha principal, mas nem aguardar nem persistir tem funcionado. Conto com o acaso. Sonho que viro a esquina e me deparo com a luz que vem em minha direção. Ela passa abruptamente por meu corpo, expande os poros e então sei vai. Eu não me preocupo. Agora conheço sua origem e sentido. Posso criá-la.

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