quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Fiquei pensando

Eu fiquei pensando nas coisa que você deveria ter ficado pensando.
Eu fiquei pensando na brevidade do tempo. No respeito ao teatro.
E cheguei à conclusão de que com você não há diálogo. E a gente usa all star.
Veja bem, se a minha cabeça não doesse eu diria que base é o contrário de ácido.

tec tec. tec tec.
As canetas também dizem coisas.
A minha diz ácido hialurônico.
E ácido, eu sei, é o contrário de base.


Como é que as coisas se interrelacionam?
Inter-relacionam é com hífen ou é tudo junto?
Qual é o plural de hífen?
Como é que se anda na parede?
Como é que a minha imagem de auto-reflete em qualquer objeto ou pessoa?
Como é que se têm tantas perguntas e tão poucas respostas?
Como é que eu vôo?
Como é que eu me agarro em você e não te largo mais?
Como é que eu te prendo?

"Prenda-me se for capaz"

Se você pular eu pulo também. Ou te seguro. Mas como?
Como segurar a tua presença?

Por favor, pise na parede.
Por favor, pise no teto.
Por favor, pise em mim.
Por favor, pise no mundo.
Por favor, não pise no chão.
Por favor, não pise no chão de pé descalço. Faz frio.

PAUSA DRAMÁTICA.

Nina Rosa Sá

domingo, 24 de agosto de 2008

Jogando Teia

Acho que estou o tempo todo jogando teia... pego de tudo...pneu usado, sapato furado, Nossa Senhora de Aparecida, menos o que gostaria. Cansei de colecionar tranqueiras, meu baú está cheio, andei jogando umas tralhas e agora ele está vazio novamente, acho que o anzol pode ser mais atraente... mas o que colocar para seduzir minha presa? Já coloquei charme, não adiantou a presa comeu e foi embora; já coloquei pimenta, a presa quase morreu; coloquei sorriso, essa quase deu certo mas quando chegou na mão escorregou e foi embora, vou continuar testando coisas... pelo menos nessas eu abraço bastante, você abre o braço...e... espera...espera...espera...
Hey, ninguém está me vendo?
Alo, estou com os braços abertos...
Ei, tô aqui de braços abertos...
Estou aqui para abrir o braço...
Tô aqui para um abraço...

Espera...espera...espera...

Rubia

quinta-feira, 21 de agosto de 2008



Tu,
tu,

tu,

tu,

tu,

tu,

tu.

Quis pregar-te à teia da minha conversa,
mas só recebi um sinal de ocupado.

Quis pegar carona em teu andar ligeiro,
mas disseste: “pernas, para que te quero”.

Quis culpar a rede de telefonia,
mas, por fim, não há nem sinal de culpado.

Encontrei pegadas, mas não vejo o rastro
neste emaranhado de sinais de trânsito.


Esporte radical

A aranha desce do teto.
E pousa sobre as coisas.
Esporte radical em câmera lenta.
Bungee-jumping em corda de seda.


Caiu na web, é peixe

O mosquito é o peixe. A aranha, o pescador.
A pressa é a presa. A paciência, o predador.


Rotina

De segunda a sexta, pescar.
No fim de semana, esportes radicais.

terça-feira, 19 de agosto de 2008


E se cada pedaço fosse o todo de um sonho?
E se eu começasse a escrever muito depressa?
E se minhas pernas me obedecessem?
E se as minhas mãos sustentassem o peso da minha cabeça?
E se eu entregasse a minha cabeça pra você?
E se cada cabeça soubesse andar sozinha?
E se eu não estivesse naquela incansável procura de “como acabar com o meu coração”?
E se eu encontrasse uma cadeira de rodas pra minha cabeça e uma muleta pro meu coração?
E se eu fosse eu, você e todos nós?
E se o se não fosse um advérbio de condição?
E se eu tivesse um condicionamento melhor?
E se eu fosse a Mel Lisboa
E se eu fosse tudo menos minha cabeça e meu coração?
E se não houvesse os bares de Curitiba, os cafés que queimam a ponta da língua e a chuva no meu all star?
E se o Djavan morresse?
E se cada minuto pudesse ser congelado?
E se o gelo não derretesse?
E se a primavera chegasse logo?
E se a base não precisasse do acido?
E se o pó viesse antes da base?
E se a base fosse atacada?
E se a base colorisse minhas unhas?
E se a base não fosse meu cabeção e tampouco meu coração?
E se esse poemas bobos não precisassem de final?

Tudo vai passando

Tudo vai passando
Você vai vendo coisas
mas elas são rapidas demais pra você



Emanuelle Sotoski
É disfarçar que nada acontece. Guardar tudo aqui dentro. E sentir um endurecimento. Eu sei que parece que nada acontece. Mas tudo turbilha. E por isso turbilha. Por saber que não vai sair daqui. Que tudo vai ficar aqui. E só esvaziar os pulmões, a cabeça, o coração e então sentir apenas frio.
Controlar.
Percebendo que as extremidades estão congelando. Mas o coração ainda não.
Respirar
Lá e agora. Disfarçando o que se quer extravasar. Mas pra quem? Pra você mesma isso já acontece. Só que em silêncio.
Na sua cabeça você cria historia, bola textos. Mas sabe que eles ficaram pra sempre aqui
Assim como a lagrima que teima em sair. Mas vc controla.
Controle
Um suspiro profundo.... Lá fora não
Aqui
Sempre aqui

Um dia quando inventarem uma maquina que capta pensamentos vcs saberão o que se passa aqui.




Emanuelle Sotoski

Pisar em ovos, a vida pode ser um eterno pisar em ovos se você não for um bom cozinheiro, afinal, se você pisa e os quebra pelo menos os aproveite num bolo, num omelete...
Cuidado com as receitas em que se separa a clara da gema, assim pisar em ovos pode ser mais difícil do que pisar em ovos.
Bem, receitas em que se separa clara da gema se faz da seguinte forma: pegue seu dedo do pé mindinho e quebre levemente a casca, assim o resto do procedimento será feito pelos dedões.
Não abuse dos pulos e saltos, assim não tirará proveito dos ovos quebrados...
Se preferir, bata tudo junto, ovos cascas e você... agora é só comer!


O mundo de cabeça para baixo é interessante, não precisa seguir as regras...
Ponta pé, ponta, pé, pé ponta, calcanhar, pulo, pé vertical, pé vertical horizontal, homem aranha... gruda os pés na parede e caminha sem se preocupar com os ovos que estão embaixo esperando que sejam quebrados...não,não preciso mais pisar em ovos,posso seguir andando pelas paredes.

Vai,volta, sente cada pedacinho das costas que encosta, massageia, chora, relaxa, interrompe. E passa, e base,e outra base, os ossos machucam as vezes, mas para ser uma base eles tem que ser fortes e rígidos para me agüentar,para agüentar tudo o que coloco nesse prédio.. melhor, edifício, não,buraco... mas o buraco não precisa de base, o que segura um buraco? As coisas que não tem base são sempre coisa intocáveis..mentira, a base familiar é tocável..depois passa a ser intocável.
A santa ceia é uma coisa de base,ali estão a base da sociedade tocável.. ó cristo, porque fizeste isso comigo, não t toquei e logo não me conformei com a sua historia...
Porque as coisas crescem para cima? Tem alguma ligação com Deus? Nós crescemos para cima, os prédios, os números... tem gente subindo a escada, e sobe como plantas, como pássaros,como aviões, como a Nasa.
Procuro minha base no outro corpo,o suporte físico do meu edifício, que já parece o Palace II, estou prestes a desmoronar por dentro, até onde posso subir pelas paredes sem demoli-las? A bola de aço contra a parede, o método mais grotesco de demolição de edifícios, ainda prefiro o dinamite, mas o prazer é muito instantâneo,muito menor que o lego, parecido com os castelinhos de areia na praia. Nunca fiz uma boa estrutura de castelo, acho que é aí que está me problema de base, nos castelos da minha infância, quando os castelos caíam... nunca fui insistente em deixá-los em pé,por isso nunca fui a princesa que ali dentro habitava. Mas sempre gostei de véus e fantasia.
Coloco no papel as amarguras de construir castelos tortos com véus coloridos.

Rubia

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