segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Como seria a história da Chapeuzinho Vermelho nas manchetes

Coluna de humor - toda segunda

PROGRAMA DA HEBE
(Hebe Camargo): "... Que gracinha gente. Vocês não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo?"

REVISTA CLÁUDIA
Como chegar à casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no Caminho.

CAPRICHO
Esse lobo é um gato!

REVISTA NOVA
Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama.

MARIE-CLAIRE
Na cama com um lobo e minha avó, relato de quem passou por essa experiência.

REVISTA CARAS (Ensaio fotográfico com Chapeuzinho na semana seguinte)
Na banheira de hidromassagem, Chapeuzinho fala a CARAS: "Até ser devorada, eu não dava valor para muitas coisas da vida. Hoje sou outra pessoa"

SUPERPOP(Chapeuzinho é convidada para desfilar no programa só de lingerie vermelha.)
(Luciana Gimenez): Nossa, que corpo, hein garota? Muita bonita mesmo! Até eu no lugar do Lobo não iria deixar escapar essa menina!!

BRASIL URGENTE
(Datena): "... Onde é que a gente vai parar, cadê as Autoridades? Cadê as autoridades?! A menina ia para a casa da vovozinha a pé! Não tem transporte público! Não tem transporte público! E foi devorada viva... Um lobo, um lobo safado. Põe na tela! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de lobo, não tenho medo de lobo, não."

REVISTA VEJA
Lula sabia das intenções do lobo.

JORNAL NACIONAL
(William Bonner): "Boa noite. Uma menina foi devorada por um Lobo na noite de ontem...".
(Fátima Bernardes):"... Mas a atuação de um caçador evitou uma tragédia".

FANTÁSTICO
(Glória Maria): ...que gracinha, gente, vocês não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo...?

FOLHA DE S. PAULO
Legendada foto: "Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador". Na matéria, Box com um zoólogo explicando os hábitos dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Chapeuzinho foi devorada e depois salva pelo lenhador.

O ESTADO DE S. PAULO
Lobo que devorou Chapeuzinho seria filiado ao PT.

REVISTA ISTO É
Gravações revelam que lobo foi assessor de político influente.

AGORA
Sangue e tragédia na casa da vovó.

JORNAL SUPER NOTÍCIAS
Lobo mastiga as tripas da chapeuzinho e lenhador destrói tripas do lobo para retirar a garota (foto ao lado da barriga do lobo com as tripas pra fora).

JORNAL DO BRASIL
Floresta: Garota é atacada por lobo (Na matéria, a gente não fica sabendo onde, nem quando, nem mais detalhes.)

O GLOBO
Retirada Viva da Barriga de um Lobo (Na matéria terá até mapa da região. O salvamento é mais importante que o ataque.)

MEIA HORA
Lobo Mal comeu a Chapeuzinho Vermelho (literalmente).

PLAYBOY (Ensaio fotográfico no mês seguinte)
Veja o que só o lobo viu.

G MAGAZINE (Ensaio fotográfico com lenhador)
Lenhador mostra o machado.

SEXY
(Ensaio fotográfico com Chapeuzinho um ano depois do escândalo).
"Essa garota matou um lobo!"


PROGRAMA DA UNIVERSAL
(Pastor): Isso é encosto! Agora meu irmãos vamos todos juntos levantar as mãos e dizer: SAI CHAPEUZINHO VERMELHO, SAI DESSE CORPO QUE NÃO TE PERTENCE.

BIG BROTHER
(Pedro Bial): Fala meu Lobo, Quem você vai eliminar hoje?
(Lobo): Hoje eu vou eliminar a Chapeuzinho Vermelho, porque ela tá de complô com o Lenhador, que eu acho que quer me eliminar e isso não está fazendo bem para o Ambiente da casa.

O APRENDIZ
(Roberto Justus): Chapeuzinho, o que você foi fazer na casa da vóvozinha?
(Chapeuzinho): Fui levar uns doces para ela.
(Justus): De graça? Mas você não tinha um Planejamento para isso? Achou que era o marketing mais correto? Qual seria o retorno? Que tipo de postura teve seu líder? Que providências você tomaria?


SUPER INTERESSANTE
Lobo mau! Mito ou verdade?

DISCOVERY CHANNEL
Descubra se é possível uma pessoa ser engolida viva e sobreviver.

domingo, 27 de setembro de 2009

Bela Adormecida

Branca de Neve





Foto de Dogville
Na versão dos irmãos Grimm, Branca de Neve tem apenas sete anos. Príncipes pedófilos era normais... O prícipe carrega seu corpo morto com ele para o palácio. Algum tipo de necrofilia? Depois de algum tempo, um de seus servos, cançado de ter que carregar o caixão de um lado para o outro, resolve descontar suas frustrações dando uma baita de uma surra na Branca de Neve. Um dos golpes no estômago faz com que ela vomite a maçã e volte a vida.




quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Neve, Vidro, Maçãs

Por Neil Gaiman
Eu não sei que espécie de coisa ela é. Nenhum de nós sabe. Ela matou sua mãe ao nascer, e nunca é demais lembrar sua culpa por isso.
Dizem que sou sábia, mas estou longe disso. Tudo que previ foram fragmentos, momentos congelados e presos em poças d'água ou no vidro do meu espelho. Se eu fosse sábia, não teria tentado mudar o que vi. Se eu fosse sábia, teria me matado antes mesmo de encontrá-la, antes mesmo de tê-lo conquistado. Sábia, e bruxa, ou assim o dizem, e eu tinha visto o rosto dele nos meus sonhos e pensamentos por toda a minha vida: dezesseis anos a sonhar com ele, antes do dia em que ele parou seu cavalo perto da ponte, naquela manhã, e perguntou meu nome. Ele me ajudou a montar no seu altivo cavalo, e fomos juntos para minha pequena propriedade no campo, meu rosto enterrado no dourado dos seus cabelos. Ele me pediu o que eu tinha de melhor; era seu direito, por ser rei.

Sua barba era de um vermelho-bronze à luz da manhã, e eu o conheci, não como um rei, pois eu não sabia nada sobre reis então, mas como meu amor. Ele teve de mim tudo o que queria - é um direito dos reis - mas me retribuiu no dia seguinte, e na noite também: sua barba tão vermelha, seu cabelo tão dourado, seus olhos do azul de um céu de verão, sua pele bronzeada, com a cor gentil do trigo maduro.

Sua filha era só uma criança: não mais que cinco anos de idade quando eu cheguei ao palácio. Um retrato da sua mãe morta pendia da parede do seu quarto, na torre: uma mulher alta, seu cabelo da cor do ébano, os olhos castanhos. Sua pálida filha não parecia descender dela.

A garota não fazia suas refeições conosco. Eu não sei em que lugar do palácio ela comia. Eu tinha meus próprios aposentos. Meu marido, o rei, também. Quando ele me queria, ele mandava me procurar, e eu ia até ele, e lhe dava prazer, e também recebia um pouco.

Uma noite, vários meses após eu ser levada ao palácio, ela veio aos meus aposentos. Estava com seis anos. Eu bordava à luz do lampião, apertando meus olhos à sua fumaça e à sua parca iluminação. Quando levantei os olhos, ela estava ali.

- Princesa?

Ela não disse nada. Seus olhos eram negros como o carvão, negros como seus cabelos; seus lábios eram mais vermelhos que o sangue. Ela olhou para mim e sorriu. Seus dentes pareceram afiados, mesmo ali, à luz do lampião.

- O que você está fazendo fora do seu quarto?

- Estou com fome - ela disse, como qualquer criança. Era inverno, um tempo em que comida fresca é como um sonho de calor e luz do sol; mas eu tinha cordões de maçãs, descaroçadas e secas, penduradas nas vigas do meu aposento, e puxei uma para ela.

- Tome.

O outono é a época de secar, de preservar, a época de colher maçãs e gordura de ganso. O inverno é a época da fome, da neve e da morte, e é a época de Festival, quando esfregamos gordura de ganso na pele de um porco e o
recheamos com as maçãs colhidas no outono, e então o assamos ou grelhamos, e organizamos o festival enquanto ele estala no fogo.

Ela pegou a maçã seca e começou a mordiscá-la, com seus dentes amarelos e afiados.

- Está boa?

Ela assentiu. Eu sempre tive medo da princesinha, mas naquele momento me aconcheguei a ela e com meus dedos, gentilmente, acariciei seu rosto. Ela olhou para mim e sorriu - ela sorria raramente - , e então fincou seus dentes na base do meu polegar, tirando sangue.

Eu ia começando a gritar, de dor e surpresa; mas ela olhou para mim e eu caí em silêncio.

A princesinha fixou sua boca à minha mão, e lambeu, chupou, sugou. Quando terminou, deixou meus aposentos. Diante do meu olhar, a perfuração feita por ela começou a se fechar, a cicatrizar, a sarar. No dia seguinte, ela era como uma cicatriz antiga: eu poderia ter cortado minha mão com um canivete, quando era criança.

Eu havia sido congelada por ela, possuída e dominada. Aquilo me assustou, mais do que o sangue de que ela havia se alimentado. Depois daquela noite, eu trancava meus aposentos ao anoitecer, barrando a porta com uma tranca de carvalho, e pedi ao ferreiro que fizesse barras de aço e as colocasse nas minhas janelas (...).

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A Vingança

Em "A Guardadora de Ganços" o Rei inquere àquela que se passou pela princesa qual seria o castigo ideal para alguém que fizesse tal coisa. A dama, sem perceber ter sido descoberta, responde: "Ela mereceria ser colocada nua dentro de um barril forrado de ferros pontiagudos, e dois cavalos brancos deveriam arrastar este barril pela cidade, até que ela morresse". Rei então aplicou tal castigo a ela.

O Caçador enche de pedras a barriga do Lobo de "Chapeuzinho Vermelho" que cai no rio e, por causa do peso, morre afogado.

A bruxa de "João e Maria" , que desejava cozinhar as crianças no forno, é empurrada para dentro dele e queima até morrer.

Em "Irmão e Irmã" a bruxa é lançada ao fogo para morrer.

A Rainha de "Branca de Neve" estava saindo do casamento da enteada quando acabou tropeçando num par de botas de ferro que estavam aquecidas em brasa. As botas fixaram-se na rainha e obrigaram-na a dançar, e ela dançou e dançou, até finalmente, cair morta.

As irmãs de Cinderella tem os olhos bicados por passarinhos até cegarem.

O Barba Azul é assassinado com espadas pelos irmãos de sua esposa.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Trecho de O Gato de Botas

Meu querido ogro, tenho ouvido por aí umas histórias a teu respeito. Dizei-me lá: é certo que te podes transformar no que quiseres?

- Certíssimo – respondeu o ogro, e transformou-se num leão.

- Isso não vale nada – disse o gatinho. – Qualquer um pode inchar e aparecer maior do que realmente é. Toda a arte está em se tornar menor. Poderias, por exemplo, transformar-te em rato?

- É fácil – respondeu o ogro, e transformou-se num rato.

O gatinho deitou-lhe logo as unhas, comeu-o e desceu logo a abrir a porta, pois naquele momento chegava a carruagem real.

Trecho de O Barba Azul

A princípio não viu coisa alguma, porque as janelas se achavam fechadas; momentos depois começou a notar que o assoalho estava todo coberto de sangue coalhado, no qual se espelhavam os corpos de várias mulheres mortas, presas ao longo das paredes (eram todas mulheres que Barba-Azul desposara e que havia estrangulado). Cuidou morrer de susto, e a chave do gabinete que acabava de retirar da fechadura, caiu-lhe da mão. Após haver recobrado um pouco o ânimo, apanhou a chave, fechou a porta e subiu ao quarto para refazer-se; não o conseguia, porém, devido à sua grande perturbação.
Tendo notado que a chave do gabinete estava manchada de sangue, limpou-a duas ou três vezes, mas o sangue não desaparecia; lavou-a, esfregou-a com sabão e pedra-pomes; debalde: o sangue ficava sempre, pois a chave era fada, e não havia meio de limpá-la inteiramente: quando se tirava o sangue de um lado, ele voltava do outro.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Contos de fadas despidos de lições

Em sua forma original, os contos de fadas traziam doses fortes de adultério, incesto, canibalismo e mortes hediondas. Originalmente concebidos como entretenimento para adultos, os contos de fadas eram contados em reuniões sociais, nas salas de fiar, nos campos e em outros ambientes onde os adultos se reuniam. Por isso, muitos dos primeiros contos de fada incluíam exibicionismo, estupro e voyeurismo.

Segundo Cashdan "a crença de que os contos de fada contêm lições pode ser, em parte, creditada a Perrault, cujas histórias vem acompanhadas de divertidas 'morais', muitas das quais inclusive rimadas".

Mas o autor se opõe: "os contos de fada possuem muitos atrativos, mas transmitir lições não é um deles".

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Irmãos Grimm

Em principio, na tradição oral, as histórias compiladas pelos estudiosos não eram destinadas ao público infantil e sim aos adultos. E isso, grande parte do público que acompanha o “Mundo” já sabe. Foram os irmãos Grimm que as dedicaram às crianças por sua tendência em trabalhar a temática mágica e maravilhosa. Eles acabaram unindo esses dois universos: o infantil e o popular e já no 1º título publicado pela dupla, Contos da Criança e do Lar (Kinder und Hausmärchen), de 1812, essa proposta educativa é evidenciada.

E essa abertura só foi possível e influenciada graças ao Romantismo da época que trouxe ao mundo literário (nesse caso, mas específico as narrativas fabulosas) um sentido mais humanístico, deixando de lado o enfoque na violência, tão presente nos contos de Charles Perrault. Sim, porque Perrault visava passar lição de moral à sociedade e responder aos interesses da nobreza através de suas obras, até que começa a perceber que a concorrência cede lugar ao lado maravilhoso da vida nos escritos daquele período.

Pelos irmãos Grimm as histórias passaram a conter desfechos mais suaves, evidenciando a solidariedade e o amor ao próximo. Não que os aspectos negativos tenham se extinguido por completo, não é isso! Eles continuavam presentes nesses contos, porém, existia um predomínio da esperança e a confiança na vida bem mais forte.

Por Cládio Brasil.

Hora da Propaganda

“A história sempre se repete. Todo Chapeuzinho Vermelho que se preze, um belo dia, coloca o lobo mau na coleira”.


“Era uma vez uma garota branca como a neve, que causava muita inveja não por ter conhecido sete anões. Mas vários morenos de 1,80 m”.


“Gabriela vivia sonhando com seu príncipe encantado. Mas, depois que e la passou a usar O Boticário, foram os príncipes que perderam o sono”.


“Um belo dia, uma linda donzela usou O Boticário. Depois disso, o dragão que ela tanto temia ficou mansinho, mansinho e nunca mais saiu de perto dela”.

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