quarta-feira, 1 de julho de 2009

Heterotopias

Nossa sociedade atual se pauta na história, mas o espaço é mais portador desta história do que o tempo.

Há os espaços privados, individuais, e o espaços externos. São estes últimos que contam a história ou que falam sobre a sociedade. “O espaço no qual vivemos, que nos leva para fora de nós mesmos, no qual a erosão das nossas vidas, do nosso tempo e da nossa história se processa num contínuo, o espaço que nos mói, é também, em si próprio, um espaço heterogéneo. Por outras palavras, não vivemos numa espécie de vácuo, no qual se colocam indivíduos e coisas, num vácuo que pode ser preenchido por vários tons de luz. Vivemos, sim, numa série de relações que delineiam sítios decididamente irredutíveis uns aos outros e que não se podem sobre-impôr”.

Podem ser de dois tipos. Os utópicos são irreais, são espaços que apresentam uma sociedade aperfeiçoada. Por oposição, há as heterotopias. “Este tipo de lugares está fora de todos os lugares, apesar de se poder obviamente apontar a sua posição geográfica na realidade”. Por estar fora, são chamadas de espaços outros.

Existem em todas as culturas e em diferentes formas. Há vários tipos de heterotopias.

Primeiro: a de crise. Antigamente: as primeiras manifestações de virilidade sexual devem ocorrer "algures" que não o lar ou lugar de origem. E até meados do século vinte, existia para as raparigas a «viagem de lua-de-mel», que é uma tradição de temática antiga. A desfloração das jovens moças deveria ocorrer "nenhures" e, quando isso acontecia no comboio ou no hotel da «lua-de-mel», acontecia de fato nesse lugar de "nenhures", nessa heterotopia sem limites geográficos. Hoje: substituídas, parece-me, pelo que poderíamos chamar heterotopias de desvio: aquelas nas quais os indivíduos, cujos comportamentos são desviantes em relação às norma ou média necessárias, são colocados. Exemplos disto serão as casas de repouso ou os hospitais psiquiátricos, e, claro está, as prisões. Talvez devêssemos acrescentar as casas de terceira idade, que se encontram numa fronteira diáfana entre a heterotopia de crise e heterotopia de desvio: afinal de contas, a terceira idade é uma crise mas também um desvio, visto que na nossa sociedade, sendo o lazer a regra, a ociosidade é uma espécie de desvio.

No decorrer do tempo, uma sociedade pode atribuir a uma heterotopia existente uma função diversa da original. Exemplo: o cemitério que na Idade Média era simples, sem cuidados com os corpos, já que se acreditava em uma vida posterior perfeita. Ficava ao lado da Igreja no centro da cidade. Na sociedade ateísta atual, existem rituais rebuscados de passagem e cuidados com o corpo morto, nos apegamos a ele já que não temos a crença em outra coisa. O cemitério foi para a periferia para afastar a morte. “Os cemitérios tornaram-se assim, não já no imortal e sagrado coração da cidade, mas na «cidade-outra», em que cada família possui o seu tenebroso cantinho de descanso”.

A heterotopia consegue sobrepor, num só espaço real, vários espaços, vários sítios que por si só seriam incompatíveis. Assim é o que acontece num teatro, no rectângulo do palco, em que uma série de lugares se sucedem, um atrás do outro, um estranho ao outro; assim é o que acontece no cinema, essa divisão rectangular tão peculiar, no fundo da qual, num ecrã bidimensional se podem ver projecções de espaços tridimensionais. Mas talvez o exemplo mais antigo deste tipo de heterotopias, destes sítios contraditórios, seja o do jardim. Devemos ter em conta que, no Oriente, o jardim era uma impressionante criação de tradições milenares, e que assumia significados profundos e sobrepostos. Na tradição persa, o jardim era um espaço sagrado que reiterava nos seus quatro cantos os quatro cantos do mundo, com um espaço supra-sagrado no centro, um umbigo do mundo (ocupado pela fonte de água) . Toda a vegetação deveria encontrar-se ali reunida, formando como que um microcosmo. Relativamente aos tapetes persas, estes eram nada mais nada menos do que reproduções dos jardins (o jardim é um tapete no qual todo o mundo atinge a sua perfeição simbólica; e o tapete um jardim que se pode deslocar no espaço). O jardim é a mais pequena parcela do mundo e é também a totalidade do mundo; tem sido uma espécie de heterotopia feliz e universalizante desde os princípios da antiguidade (os nossos modernos jardins zoológicos partem desta matriz).

Na maior parte dos casos, as heterotopias estão ligadas a pequenos momentos, pequenas parcelas do tempo - estão intimamente ligadas àquilo que chamarei, a bem da simetria, heterocronias. O auge funcional de uma dada heterotopia só é alcançado aquando uma certa ruptura do homem com a sua tradição temporal. Assim, e ainda com o exemplo do cemitério, verificamos que esta é uma heterotopia particularmente significativa; repare-se: é uma heterotopia que para o indivíduo tem o seu início na peculiar heterocronia que é a perda da vida, e na entrada dessa quasi-eternidade cujo permanente fado é a dissolução, o desaparecimento até.

As heterotopias pressupõem um sistema de abertura e encerramento que as torna tanto herméticas como penetráveis. Geralmente, uma heterotopia não é acessível tal qual um lugar público. A entrada pode ser ou compulsória, o que é exemplificável pelas prisões e casernas, ou através de um rol de rituais e purificações, em que o indivíduo tem de obter permissão e repetir certos gestos. Além disso, há heterotopias que são exclusivamente dedicadas a estas actividades de purificação, ritos que são parcialmente religiosos e parcialmente higiénicos como nos hammans dos muçulmanos, ou ritos que são só aparentemente higiénicos, como nas saunas dos escandinavos.

Há ainda outras heterotopias que, ainda que à primeira vista pareçam ser aberturas, servem de forma velada a curiosas exclusões. Todos podem entrar nestes sítios heterotópicos, mas essa é apenas uma ilusão: pensamos que entrámos ali onde somos, simplesmente pelo facto de ali termos entrado, excluídos. Estou a pensar naqueles quartos que existiam nos casarões do Brasil, e um pouco por toda a América do Sul: a entrada para esses quartos de dormir não era a entrada para a casa em si, a entrada da família; qualquer viajante que por ali passasse poderia abrir a porta e ocupar uma cama e dormir uma noite. Mas esses quartos estavam construídos de uma tal forma que esse indivíduo passageiro nunca tinha acesso livre às partes da casa da família; o visitante era portanto um verdadeiro convidado transitório, não era convidado sequer. Apesar deste modo ter quase desaparecido, poderemos ainda apontar alguns móteis norte-americanos como reminiscências dessa heterotopia. Qualquer homem pode ir no seu carro com a sua amante a esses motéis, em que o sexo ilícito é abrigado mas, ao mesmo tempo, também escondido e isolado. Seja como for, nunca aceite publicamente.

O último traço das heterotopias é que elas têm também uma função específica ligada ao espaço que sobra. Mais uma vez, uma função que se desdobra em dois pólos extremos. O seu papel será ou o de criar um espaço ilusório que espelha todos os outros espaços reais, todos os sítios em que a vida é repartida, e expondo-os como ainda mais ilusórios (parece-me ter sido esse o papel desenvolvido pelos famosos bordéis dos quais fomos privados). Ou então o de criar um espaço outro, real, tão perfeito, meticuloso e organizado em desconformidade com os nossos espaços desarrumados e mal construídos. Este último tipo de heterotopia seria não de ilusão, mas de compensação. Pergunto-me se certas colónias não terão funcionado segundo essa lógica. Em alguns casos, a organização que preconizavam do espaço terrestre desempenhava a função das heterotopias: por exemplo, na primeira leva de colonizadores do século dezassete, das sociedades puritanas fundadas pelos ingleses na América do Norte, e que eram a perfeição do lugar-outro.

Os bordéis e as colónias são dois tipos extremos de heterotopias. Mas, atenção. Um navio é um pedaço flutuante de espaço, um lugar sem lugar, que existe por si só, que é fechado sobre si mesmo e que ao mesmo tempo é dado à infinitude do mar. E, de porto em porto, de bordo a bordo, de bordel a bordel, um navio vai tão longe como uma colónia em busca dos mais preciosos tesouros que se escondem nos jardins. Perceberemos também que o navio tem sido, na nossa civilização, desde o século dezasseis até aos nossos dias, o maior instrumento de desenvolvimento económico (ao qual não me referi aqui), e simultaneamente o grande escape da imaginação. O navio é a heterotopia por excelência. Em civilizações sem barcos, esgotam-se os sonhos, e a aventura é substituída pela espionagem, os piratas pelas polícias. ESPAÇOS TRANSITÓRIOS.

sábado, 27 de junho de 2009

estrutura e idéias

Quais são as profissões das pessoas?
Os gostos?
O passado?
O presente?
O futuro?
O que elas estão fazendo aqui?
Ou o que não estão (garota que se matou no apartamento)?
Qual a história dos lugares?
Colocar uma culpa na platéia, um influência dela sobre os transeuntes.
Observar a rotina do espaço e aproveitar-se dela.
Dar histórias ao próprio narrador.
Narrador dentro da caixa.
"Você nunca reparou, mas o gari sempre passa pelo lado que você não está olhando".
Trabalhar com as referências do público: "esse cara sabe o que você fez no verão passado"; "Aquele é fã do Steven Hawkens".
Tipos de história: desde frases curtas até grandes epopéias.
Binóculos.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

quarta-feira, 17 de junho de 2009

A platéia entra. Há fitas amarelas no chão delimitando o local e as voltas da fila. As atrizes posicionam a platéia em fila dupla. Começam um senso: VOCÊ É A PESSOA PREFERIDA DE ALGUÉM? SIM? NÃO? VOCÊ TEM ABSOLUTA CERTEZA, QUASE CERTEZA, ACHA BEM PROVÁVEL, ACHA POUCO PROVÁVEL? Depois de um tempo uma outra atriz fala ao microfone com voz de comissária de bordo. Ela tem este mesmo tom todo o tempo. Durante toda a sua fala, outras duas atrizes fazem a demonstração.

BOA NOITE SENHORAS E SENHORES, MEU NOME É MOÇA E ESTAREI COM VOCÊS DURANTE TODA ESSA VIAGEM. PEÇO A TODOS QUE NESSE MOMENTO COLOQUEM SUA MÃO DIREITA NO OMBRO DIREITO DO COMPANHEIRO QUE SE ENCONTRA A SUA FRENTE. ESTIQUE O BRAÇO, EXATAMENTE COMO DEMONSTRAM NOSSAS COLEGAS, E FIQUEM A ESSA DISTÂNCIA. MUITO OBRIGADA SENHORAS E SENHORES. AGORA VOCÊS PODEM RELAXAR SEUS BRAÇOS MATENDO A MESMA DISTÂNCIA DO COMPANHEIRO DA FRENTE. AQUELES SITUADOS À DIREITA DE ALGUÉM, POR FAVOR, DOBREM SEU BRAÇO ESQUERDO COM A MÃO NAS COSTAS. O COMPANHEIRO DA ESQUERDA PODE COLOCAR SUA MÃO DIREITA DENTRO DO CÍRCULO DO BRAÇO DO COMPANHEIRO DA DIREITA, EXATAMENTE COMO DEMOSNTRAM NOSSAS COLEGAS. MUITO OBRIGADA SENHORAS E SENHORES, QUEIRAM POR FAVOR AGORA SEGUIR NOSSAS COLEGAS PELO CAMINHO DELIMITADO PELA LINHA AMARELA. LEMBREM-SE DE MANTER A DISTÂNCIA CORRETA. NESTE MOMENTO DA NOITE COMEÇA A CHOVER. QUEIRAM POR FAVOR PROTEGER SUAS CABEÇAS E FAZER O CAMINHO DE VOLTA EXATAMENTE COMO DEMONSTRAM NOSSAS COLEGAS. MUITO OBRIGADA SENHORES E SENHORES, MAS A CHUVA ACABA DE PASSAR E ENTÃO SEGUIREMOS NOSSO CAMINHO NORMALMENTE. GOSTARÍAMOS DE ATENTAR PARA A PRESENÇA DE COBRAS NO CAMINHO. PEÇO QUE O COLEGA DA DIREITA FAÇA A GENTILEZA DE SEGURAR O COLEGA DA ESQUERDA NO COLO. POR FAVOR, SENHORAS E SENHORES, ESSA É UMA MEDIDA DE SEGURANÇA QUE DEVE SER RESPEITADA PARA QUE POSSAMOS GARANTIR UM ATENDIMENTO MAIS EFICIENTE APLICANDO ANTÍDOTOS EM APENAS METADE DA PLATÉIA. AGRADEÇO SEUS ESFORÇOS E AGORA SEGUIREMOS CAMINHO NORMALMENTE. BASTA PASSARMOS TRANQUILAMENTE PELO TÚNEL (as outras duas atrizes iniciam um túnel de braços). ESTE TÚNEL É O MAIS LONGO DE SUAS VIDAS. É POR ELE QUE VOCÊS PASSARÃO DURANTE MUITO TEMPO, TEMPO NECESSÁRIO PARA DECIDIR ONDE ELE ACABA.

Começa uma música eletrônica de festa junina. As duas atrizes não deixam o túnel parar, sempre entrando e saindo do outro lado. A luz vai baixando e ficando mais agitada, como em uma balada. O túnel acaba. A música pára. Estamos em um jardim.
O que eu procuro? O Aleph. O Zahir. O Santo Daime. Tento aprender com os antigos ensinamentos passados oralmente das culturas do leste. Sempre tive a impressão que lá vêem a origem da luz porque é para lá que ela caminha. Por essa constatação é que visto o branco puro. Mas venho do oeste onde não há leis e todos querem governar. Todas as vezes em que desejei abandonar o peso que carrego, fui consumida pelo ciúme ao ver que os outros se apoderavam dele. Fui percebendo que não adianta jogar ao mar pois alguns dedicam toda sua existência a habitar o meio do nada a procura de descartados em condições de uso. E elas sempre estão lá, as condições, o terreno propício. Então aquele que optou pela leveza começa a sentir o pesar do frio. Talvez o ar fresco arda nas peles que desenvolveram suas próprias alergias no decorrer da vida. Talvez sejam justamente essas peles que tanto anseiam por ele. Quanto mais se ignora as coceiras e o frio, mais vergões criam-se. É se tomado pela cólera por ter-se despido. Procuram-se então novos bens. Sai-se em busca de tecidos finos. Tenho certeza que esta empreitada me desvia a atenção de minha principal, mas nem aguardar nem persistir tem funcionado. Conto com o acaso. Sonho que viro a esquina e me deparo com a luz que vem em minha direção. Ela passa abruptamente por meu corpo, expande os poros e então sei vai. Eu não me preocupo. Agora conheço sua origem e sentido. Posso criá-la.
INCITE O AMARELO DO MARACUJÁ!!

quinta-feira, 12 de março de 2009

Horários da Peça


Sexta 20/3 - 0 Horas
Sábado 21/3 - 18 Horas
Domingo 22/3 - 21 Horas
Terça 24/3 - 21 Horas
Sexta 27/3 - 0 Horas
Sábado 28/3 - 18 Horas
Domingo 29/3 - 21 Horas

Teatro Experimental da UFPR (Campus da Santos Andrade)

Mostra Novos Repertórios

sábado, 29 de novembro de 2008

As ruas de Bagdá ou Aranha marrom não usa Roberto Carlos


As ruas de Bagdá ou Aranha marrom não usa Roberto Carlos é um espetáculo sobre as várias visões que podemos ter sobre uma mesma situação, revelando um jogo ora divertido ora reflexivo. Poético e não realista, o público caminhará sob o fluxo do pensamento, como insights, flashes que se cruzam e permeiam uma só questão: O que vemos é realidade ou ilusão?
É um jogo interessante, parte cômico, parte trágico, que apresenta na metáfora da aranha, com até 08 olhos, as várias possibilidades de visões que temos e oferecemos o tempo inteiro. Parte-se do pressuposto de que a realidade é algo tão pessoal e único como as impressões digitais.
O texto surgiu, como um meio da ACRUEL Companhia de Teatro falar do cotidiano, de nossos questionamentos e visões sobre ele. Discussões tomadas de forma múltipla, pela própria subjetividade de cada componente do grupo, que se coloca e vê de forma diferente o mundo, resulta numa dramaturgia criada colaborativamente - através de source-work, improvisações e escrita automática.
O espetáculo já teve uma pré-estréia na 4ª Mostra Cena Breve em Curitiba, onde teve uma ótima recepção da crítica.

Crítica: Mistura e Manda por Valmir Santos


As colagens com imagens projetadas ao fundo em diálogo com o texto que tem as manhas de antagonizar “maçaroca” e “muriçoca” sem perder a elegância remeteram de chofre à escrita icônica de Valêncio Xavier no seu excepcional Mez da grippe, dos anos 80, livro que inclusive ganhou versão para o palco em julho passado, no Novelas Curitibanas, pela Pausa Companhia e direção do convidado Moacir Chaves, do Rio.
Deixou boa impressão, para não perder o trocadilho, a participação da recém-nascida e curitibana ACRUEL Companhia de Teatro com a cena Aranha marrom não usa Roberto Carlos. As atrizes-criadoras Emanuelle Sotoski, Lígia Oliveira e Rubia Romani poderiam sucumbir à muleta da projeção de imagem. A sinopse até sugere uma poluição visual com o bombardeio de informações na ordem do dia, mas a grata surpresa é que o trabalho transcendeu à própria teia que vem tecendo.
“As palavras começa a me faltar. Precisamos nos comunicar por pensamentos. Me ouçam”, diz uma das intérpretes em certa passagem, pelo menos é o que deu para anotar. A dramaturgia não é um tobogã para deslizar os lugares-comuns. Antes, faz destes uma angústia existencial interdita, sufocada pelo tudo para ontem na era das tecnologias digitais.
A correção dos figurinos e gestual alinhados de aeromoça, na abertura, carregando suas malas cheias de cebolas picotadas em seguida, causam estranhamento que abrem os códigos da fragmentação narrativa. A apropriação do kitsch televisivo, dos clichês da sedução publicitária, adicionam critica à irreverência explícita. Que essa dramaturgia colaborativa estilhaçada, sem ser inorgânica, consiga ser mantida na constituição da peça propriamente dita. Há que ser cruel sem perder a brochura. Ah, sim, e encontrar a projeção de voz que falta quando a moça fala do fundo do palco e nos sopra fiapos.

Valmir Santos cobriu teatro para a Folha de São Paulo (1998 - 2008). Colabora com críticas para a Revista Bravo!. Integra o júri paulista para o Prêmio Shell de Teatro.

domingo, 9 de novembro de 2008

Sobre Velhas e Novas Fotos - Da teia de Bagdá a Mosca na Sopa






Aranha não é pirata, aranha não faz guerra. Nem tudo é o que seus olham vêem. Aranha não é pirata, aranha não faz guerra. Emaranhados de fios que deveriam levar luz acabam levando escuridão, aranha não faz pirataria, aranha não faz guerra. Quem sofre com a escuridão provocada pela longa teia elétrica não é vilão, nem mesmo é pirata, mas é vitima, é triste, é mosca presa na teia da guerra. Pirata rouba ladrão, pirata rouba mocinho, pirata rouba de tudo, seja no mar ou seja na terra. Pirata também faz teia, mas pirata não é aranha, pirata não tem oito olhos , não tem pernas e nem come mosca. Já a mosca é secundária nessa teia falsificada, mas ela também tem olhos, milhões de olhos divididos em dois, mas a mosca não é aranha, nem mesmo é pirata, a mosca é apenas vítima da guerra. Olhando com outros olhos aquela teia colossal, não é coisa de pirata, nem é coisa de aranha, mas é o fardo da guerra. Curioso mesmo, é que a teia, que pode ser da aranha, do pirata ou da guerra, pega sempre a mesma mosca, com milhões de olhos representados em dois e milhares de cidades representadas em uma. Como fazer para aliviar o sofrimento do mísero inseto? Talvez torcer para que o mundo pare de se preocupar com a teia, e comece a se preocupar com a mosca, seja ela vítima da aranha, do pirata ou da guerra. Alguém pode, por favor, acender a luz?

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