terça-feira, 25 de agosto de 2009

Da proposta cênica

Observando a arquitetura de sua cidade, a ACRUEL percebeu a tendência moderna curitibana da transparência. São diversos tipos de construções, de vidro, de acrílico ou encerradas por plástico, que vão das bancas de jornal, passando pelas estações-tubo de ônibus, até o teatro Ópera de Arame. A partir desta observação e dos anseios antes descritos, o projeto Espaço Outro intenta instalar uma caixa transparente e incolor no espaço público. A caixa teria uma base de encaixar de metal e seria revestida por um plástico resistente. Por ser portátil, permite que o espetáculo se realize em diversos lugares. Tanto por divulgação prévia, quanto por aproveitamento dos transeuntes, o público é convidado a entrar neste espaço outro.
Dentro, esta platéia tem um direcionamento narrativo que a leva a observar a rua e suas histórias. As narrações sobre as pessoas e sobre os espaços acabam tendo mesma relevância social e, conseqüentemente, emocional. Os atores e os passantes se mesclam lá fora, se confundem, de forma que o movimento da rua pareça real e muito coreografado ao mesmo tempo.
É interessante observar que enquanto se passa uma peça de teatro para os que se encontram na caixa, para as pessoas lá de fora nada demais está acontecendo entre elas. Pelo contrário, observam aquele grupo estranhamente encerrado em um cubo transparente no meio da praça (ou do largo, ou do parque, ou do calçadão). Assim, a platéia que observa é também observada por outra platéia. Ambas são partes deste produto artístico que é ação e instalação. Então, tem-se então a criação de um espaço outro integrado à sociedade. Esta, tanto de forma prática quanto por significação, se torna o objeto desta obra.

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