segunda-feira, 14 de setembro de 2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

O efeito da fantasia na vida prática

Investigações recentes sobre o sonho mostram que uma pessoa impedida de sonhar, mesmo que não seja privada de dormir, fica prejudicada na habilidade de lidar com a realidade; torna-se perturbada emocionalmente porque não é capaz de elaborar nos sonhos os problemas inconscientes que a bloqueiam. Talvez algum dia sejamos capazes de demonstrar o mesmo fato experimentalmente em relação aos contos de fadas: que as crianças vão mal de vida quando são privadas do que as histórias podem lhes oferecer, dado que os contos ajudam-na a elaborar, na fantasia, as pressões inconscientes.

Mitos versus Contos de Fadas

Tanto os mitos como as estórias de fadas respondem a questões eternas: O que é realmente o mundo? Como viver minha vida nele? Como posso realmente ser eu mesmo? As respostas dadas pelos mitos são taxativas, enquanto o conto de fadas é sugestivo; suas mensagens podem implicar soluções, mas nunca as soletra.

Sentimentos Engarrafados

Enquanto o gênio ficou confinado na garrafa durante os primeiros cem anos ele "disse de coração: Aquele que me libertar, eu o enriquecerei para sempre. Mas passou-se o século inteiro, e quando ninguém me libertou, eu entrei pelos segundos cem anos dizendo: Àquele que me soltar, eu abrirei os tesouros ocultos da terra. Ainda assim ninguém me libertou, e passaram-se quatrocentos anos. Então, disse eu: Àquele que me soltar, eu satisfarei três desejos. Mesmo assim ninguém me libertou. Em conseqüência encerrei-me em cólera, e com excessiva ira disse para mim mesmo: Aquele que me soltar, daqui para diante, eu o matarei..."

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O por quê

A arte, em geral, habita um espaço estranho à sociedade contemporânea. Ela tem sido pouco eficiente em exercer algum efeito sobre a massa. Talvez a afirmação de Foucault sobre os espaços serem responsáveis pelas específicas relações sociais em cada cultura ajude a entender que a arte necessita se incluir em outro lugar dentro dos costumes. Mesmo o teatro que é heterotópico por natureza, uma vez que encerra, em um local, a reprodução do que não está ali, precisa estabelecer novas interlocuções espaciais. A tentativa neste projeto é, portanto, através da infiltração no espaço público, estabelecer um discurso no qual a exibição artística se mescle à vivência, e que a convivência destas duas instâncias, representação e vida, permita um contato mais íntimo com os cidadãos.

A eficiência da comunicação é também buscada no ato de recontar os contos de fada adaptados à linguagem e ao conteúdo contemporâneo. Esta é uma importante característica deste projeto. Trata-se de um retorno as essências da cultura ocidental que visa, dentro do formato contemporâneo, reencontrar a ponte com o espectador. O processo colaborativo de criação da dramaturgia permite que se tenham várias referências míticas organizadas em uma forma bem acabada, de estrutura inteligente.

Cena Breve

Qual personagem é inesquecível em nossas vidas? Quem é o ícone de uma geração? Com certeza dentre essas respostas não estavam Cinderela ou Chapeuzinho Vermelho. Mas depois de lembrá-las, pode-se descartá-las? Afinal todo mundo já sonhou em ser levada por um príncipe ou destruir dragões. O seu Era uma vez nos levam de volta a um tempo distante. Mas se em meio a isso tudo descobríssemos que Bela Adormecida acorda mãe de 2 filhinhos? E que fingir que o sapatinho servia não foi tão fácil assim? E porque não dar a madrasta algo mais que o coração de branca de neve? É a partir dos elementos macabros originais dos contos antigos - que eram construídos para os adultos - que aqui se propõe reviver estes nossos mitos. Em cena há uma grande miscelânea de referências transportando-nos a lugares onde tudo pode acontecer. Tudo isso através da narração entreposta de ação.

No fim o que se deseja é o desejo. Exacerba-se o prazer pelo consumo (em toda a sua abrangência). A crueldade misturada ao prazer é crescente e vai rivalizando com uma humanidade singela, silenciosa. Conclui-se com um grande êxtase. Uma redenção que compensa a trajetória vivida, uma grande celebração.

Isto é fantasiar o espaço real

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

“Espaço Outro” é um projeto que pretende a criação de um espaço heterogêneo que represente a sociedade ao mesmo tempo em que realmente pertença a esta, transformando-a no próprio objeto artístico do qual deleita. Almeja esta realização através do uso de formas não convencionais das artes cênicas: a infiltração no espaço cotidiano com a intenção de intervir na percepção da realidade do público. O escopo é que se formem diversos espaços de significações diferentes: o do cotidiano real, o da coreografia de um cotidiano, os das histórias contadas referentes a outro tempo e o do cubo estranho ao lugar público e observado pelos passantes.
A explicitação do espaço compartilhado tem a intenção de expor o que nele há de mais íntimo, revelando a universalidade das histórias que os locais mais específicos permitem. Trabalhar este caráter universal exige que se tenha o cuidado de não estabelecer verdades ou comportamentos. A dramaturgia deste projeto propõe, portanto, apenas deslizar por estes contos míticas e suas potencialidades dramáticas sem se posicionar diante delas. A idéia é provocar o público a se relacionar da sua forma mais particular com cada mito expresso.
Também se deseja uma transitoriedade espacial, que este lugar nenhum realmente não tenha um lugar, que esta caixa seja levada aos diversos pontos da cidade de Curitiba. Os espaços amplos e movimentados são os adequados, como as diversas praças e parques da cidade, o Largo da Ordem, o calçadão da Rua XV de Novembro e ainda alguns grandes gramados. Pretende-se que em cada porto que este lugar nenhum ancorar, dê características de irrealidade às realidades específicas do local, formando sempre umnovo espaço outro, mas revelando sempre a mesma universalidade que pode pôr à prova ou reforçar os comportamentos estabelecidos.
Durante a temporada de um mês, serão executadas vinte apresentações. Os locais serão decididos de acordo com os estudos e experimentações realizados durante a primeira etapa do processo criativo. A segunda fase tem como objetivo organizar a encenação ao lado da dramaturgia.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sombra e Luz

Os contos de fadas descrevem estados internos da mente que são traduzidos em imagens visuais do desejo. Para chegar a tais imagens a ACRUEL busca referências na Pop Art, que se foca no popular, transitório, consumível, jovem, espirituoso, sexy, chamativo, glamouroso, enquanto apela para o vazio proveniente do consumismo revelando um lado espiritual.
Assim a dualidade presente tanto nos contos – através do Bem e do Mal - quanto na Pop Art, estará representada em cena através dos sentimentos de grotesco e sublime. O grotesco em seu aspecto cruel e excêntrico que ultrapassa barreiras a ponto de convergir para o prazer renovador, catártico. O sublime entendido como uma experiência entre horror e prazer: um sublime que se constitui a partir do fugaz, de tudo que esvaece rápido, mas que brilha inesperada e sutilmente, do singelo, silencioso. Através de uma plástica contemporânea e pop, passeia-se pela sombra e a luz. Muita cor em meio à escuridão.

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