A arte, em geral, habita um espaço estranho à sociedade contemporânea. Ela tem sido pouco eficiente em exercer algum efeito sobre a massa. Talvez a afirmação de Foucault sobre os espaços serem responsáveis pelas específicas relações sociais em cada cultura ajude a entender que a arte necessita se incluir em outro lugar dentro dos costumes. Mesmo o teatro que é heterotópico por natureza, uma vez que encerra, em um local, a reprodução do que não está ali, precisa estabelecer novas interlocuções espaciais. A tentativa neste projeto é, portanto, através da infiltração no espaço público, estabelecer um discurso no qual a exibição artística se mescle à vivência, e que a convivência destas duas instâncias, representação e vida, permita um contato mais íntimo com os cidadãos.
A eficiência da comunicação é também buscada no ato de recontar os contos de fada adaptados à linguagem e ao conteúdo contemporâneo. Esta é uma importante característica deste projeto. Trata-se de um retorno as essências da cultura ocidental que visa, dentro do formato contemporâneo, reencontrar a ponte com o espectador. O processo colaborativo de criação da dramaturgia permite que se tenham várias referências míticas organizadas em uma forma bem acabada, de estrutura inteligente.
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Cena Breve
Qual personagem é inesquecível em nossas vidas? Quem é o ícone de uma geração? Com certeza dentre essas respostas não estavam Cinderela ou Chapeuzinho Vermelho. Mas depois de lembrá-las, pode-se descartá-las? Afinal todo mundo já sonhou em ser levada por um príncipe ou destruir dragões. O seu Era uma vez nos levam de volta a um tempo distante. Mas se em meio a isso tudo descobríssemos que Bela Adormecida acorda mãe de 2 filhinhos? E que fingir que o sapatinho servia não foi tão fácil assim? E porque não dar a madrasta algo mais que o coração de branca de neve? É a partir dos elementos macabros originais dos contos antigos - que eram construídos para os adultos - que aqui se propõe reviver estes nossos mitos. Em cena há uma grande miscelânea de referências transportando-nos a lugares onde tudo pode acontecer. Tudo isso através da narração entreposta de ação.
No fim o que se deseja é o desejo. Exacerba-se o prazer pelo consumo (em toda a sua abrangência). A crueldade misturada ao prazer é crescente e vai rivalizando com uma humanidade singela, silenciosa. Conclui-se com um grande êxtase. Uma redenção que compensa a trajetória vivida, uma grande celebração.
No fim o que se deseja é o desejo. Exacerba-se o prazer pelo consumo (em toda a sua abrangência). A crueldade misturada ao prazer é crescente e vai rivalizando com uma humanidade singela, silenciosa. Conclui-se com um grande êxtase. Uma redenção que compensa a trajetória vivida, uma grande celebração.
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É uma vez e para sempre
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
“Espaço Outro” é um projeto que pretende a criação de um espaço heterogêneo que represente a sociedade ao mesmo tempo em que realmente pertença a esta, transformando-a no próprio objeto artístico do qual deleita. Almeja esta realização através do uso de formas não convencionais das artes cênicas: a infiltração no espaço cotidiano com a intenção de intervir na percepção da realidade do público. O escopo é que se formem diversos espaços de significações diferentes: o do cotidiano real, o da coreografia de um cotidiano, os das histórias contadas referentes a outro tempo e o do cubo estranho ao lugar público e observado pelos passantes.
A explicitação do espaço compartilhado tem a intenção de expor o que nele há de mais íntimo, revelando a universalidade das histórias que os locais mais específicos permitem. Trabalhar este caráter universal exige que se tenha o cuidado de não estabelecer verdades ou comportamentos. A dramaturgia deste projeto propõe, portanto, apenas deslizar por estes contos míticas e suas potencialidades dramáticas sem se posicionar diante delas. A idéia é provocar o público a se relacionar da sua forma mais particular com cada mito expresso.
Também se deseja uma transitoriedade espacial, que este lugar nenhum realmente não tenha um lugar, que esta caixa seja levada aos diversos pontos da cidade de Curitiba. Os espaços amplos e movimentados são os adequados, como as diversas praças e parques da cidade, o Largo da Ordem, o calçadão da Rua XV de Novembro e ainda alguns grandes gramados. Pretende-se que em cada porto que este lugar nenhum ancorar, dê características de irrealidade às realidades específicas do local, formando sempre umnovo espaço outro, mas revelando sempre a mesma universalidade que pode pôr à prova ou reforçar os comportamentos estabelecidos.
Durante a temporada de um mês, serão executadas vinte apresentações. Os locais serão decididos de acordo com os estudos e experimentações realizados durante a primeira etapa do processo criativo. A segunda fase tem como objetivo organizar a encenação ao lado da dramaturgia.
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Espaço Outro
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Sombra e Luz
Os contos de fadas descrevem estados internos da mente que são traduzidos em imagens visuais do desejo. Para chegar a tais imagens a ACRUEL busca referências na Pop Art, que se foca no popular, transitório, consumível, jovem, espirituoso, sexy, chamativo, glamouroso, enquanto apela para o vazio proveniente do consumismo revelando um lado espiritual.
Assim a dualidade presente tanto nos contos – através do Bem e do Mal - quanto na Pop Art, estará representada em cena através dos sentimentos de grotesco e sublime. O grotesco em seu aspecto cruel e excêntrico que ultrapassa barreiras a ponto de convergir para o prazer renovador, catártico. O sublime entendido como uma experiência entre horror e prazer: um sublime que se constitui a partir do fugaz, de tudo que esvaece rápido, mas que brilha inesperada e sutilmente, do singelo, silencioso. Através de uma plástica contemporânea e pop, passeia-se pela sombra e a luz. Muita cor em meio à escuridão.
Assim a dualidade presente tanto nos contos – através do Bem e do Mal - quanto na Pop Art, estará representada em cena através dos sentimentos de grotesco e sublime. O grotesco em seu aspecto cruel e excêntrico que ultrapassa barreiras a ponto de convergir para o prazer renovador, catártico. O sublime entendido como uma experiência entre horror e prazer: um sublime que se constitui a partir do fugaz, de tudo que esvaece rápido, mas que brilha inesperada e sutilmente, do singelo, silencioso. Através de uma plástica contemporânea e pop, passeia-se pela sombra e a luz. Muita cor em meio à escuridão.
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Conto de Fada,
É uma vez e para sempre,
Teoria
Da proposta cênica
Observando a arquitetura de sua cidade, a ACRUEL percebeu a tendência moderna curitibana da transparência. São diversos tipos de construções, de vidro, de acrílico ou encerradas por plástico, que vão das bancas de jornal, passando pelas estações-tubo de ônibus, até o teatro Ópera de Arame. A partir desta observação e dos anseios antes descritos, o projeto Espaço Outro intenta instalar uma caixa transparente e incolor no espaço público. A caixa teria uma base de encaixar de metal e seria revestida por um plástico resistente. Por ser portátil, permite que o espetáculo se realize em diversos lugares. Tanto por divulgação prévia, quanto por aproveitamento dos transeuntes, o público é convidado a entrar neste espaço outro.
Dentro, esta platéia tem um direcionamento narrativo que a leva a observar a rua e suas histórias. As narrações sobre as pessoas e sobre os espaços acabam tendo mesma relevância social e, conseqüentemente, emocional. Os atores e os passantes se mesclam lá fora, se confundem, de forma que o movimento da rua pareça real e muito coreografado ao mesmo tempo.
É interessante observar que enquanto se passa uma peça de teatro para os que se encontram na caixa, para as pessoas lá de fora nada demais está acontecendo entre elas. Pelo contrário, observam aquele grupo estranhamente encerrado em um cubo transparente no meio da praça (ou do largo, ou do parque, ou do calçadão). Assim, a platéia que observa é também observada por outra platéia. Ambas são partes deste produto artístico que é ação e instalação. Então, tem-se então a criação de um espaço outro integrado à sociedade. Esta, tanto de forma prática quanto por significação, se torna o objeto desta obra.
Dentro, esta platéia tem um direcionamento narrativo que a leva a observar a rua e suas histórias. As narrações sobre as pessoas e sobre os espaços acabam tendo mesma relevância social e, conseqüentemente, emocional. Os atores e os passantes se mesclam lá fora, se confundem, de forma que o movimento da rua pareça real e muito coreografado ao mesmo tempo.
É interessante observar que enquanto se passa uma peça de teatro para os que se encontram na caixa, para as pessoas lá de fora nada demais está acontecendo entre elas. Pelo contrário, observam aquele grupo estranhamente encerrado em um cubo transparente no meio da praça (ou do largo, ou do parque, ou do calçadão). Assim, a platéia que observa é também observada por outra platéia. Ambas são partes deste produto artístico que é ação e instalação. Então, tem-se então a criação de um espaço outro integrado à sociedade. Esta, tanto de forma prática quanto por significação, se torna o objeto desta obra.
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Conto de Fada,
É uma vez e para sempre
Especial Charles Perrault
Para comemorar os mais de "300 anos da morte” do escritor francês Charles Perroult, que tanto contribuiu enriquecendo a literatura infantil mundial, ousadas releituras de alguns de seus mais famosos contos, e também peças inspiradas em outros autores que escreveram para crianças, encontram-se expostas no site do fotógrafo francês Gerard Rancinan.São composições mórbidas e impactantes que mostram figuras queridas como “Cinderela”, “A Bela Adormecida”, “O Gato de Botas”, “Chapeuzinho Vermelho” e até mesmo o temível “Barba Azul”, observados por uma ótica distante da suavidade eternizada pelos estúdios Disney.


Nesta cena, Cissé Djibril, jogador de futebol e um dos maiores goleadores da Liga francesa desse esporte, foi clicado pelas lentes de Gerard Rancinan representando “O Gato de Botas”, de Perrault. As pernas, já sem vida que evidenciavam os acessórios de maior visibilidade do personagem felino, agora se limita a ornamentar uma indesejável cadeira de rodas. Caveiras e ratos completam o clima de extinção que pune mais essa cria do lendário escritor francês.



segunda-feira, 24 de agosto de 2009
domingo, 23 de agosto de 2009
Enquanto as versões mais habituais frisam o nome de "Bela Adormecida" devido ao longo sono da heroína, os títulos de outras versões dão proeminência ao muro protetor, como em ingles "Rosa Silvestre".
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